quarta-feira, maio 31, 2006

Entrando nos Eixos

Como já disse anteriormente, eu tentaria manter uma peridiocidade na publicação deste blog. Infelizmente, vários dias não quis, não pude ou esqueci de postar e ele perdeu a parte diária que adquiriu a princípio. Isso não quer dizer que eu vá parar com ele. Mui pelo contrário. Ele está a toda e sempre que consigo eu escrevo algo pra publicar aqui. Por sorte, hoje me inspirei e consegui escrever algo, no mínimo medíocre. Espero que o pessoal aprove. Ah sim. Desculpem se a história anterior está imensa. Mas por favor, tentem ler que vale a pena... E se comentarem, serei muito, muito, mas muito grato mesmo. Abraços à todos.
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Comentários do Dia: A) Hoje não tive aula. B) Porque fui ao Diário Catarinense. C) Foi muito engraçado estar lá do lado de fora do DC rindo com o pessoal (Mário, Paulo Henrique, Pedro e Antônio Carlos) e... D)C é demais... Mesmo... Em compensação... À tarde fui à dentista. Doutora Lucy é muito amigável e um tanto quanto caprichosa. Mesmo assim, aquilo dói. Primeira cárie retirada. Faltam duas. Medo... O.O
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Fired

Hoje, chegando a redação, recebo a bomba: Fui demitido. Interessante ver que assim estou porque apenas não quis fazer uma matéria. Uma entre tantas que fiz e que se tornaram a capa da edição do dia. Porém, meu hipócrita editor-chefe, que, aliás, não gostava muito de mim, não aceita que eu negue aquela matéria. Descobri o porquê ao falar com meu colega, que faria a reportagem comigo. O caso que eu investigaria envolvia um político, mui amigo de meu chefe. A fama gerada pela ocorrência acarretaria na provável eleição dele à vereador. Típica aliança subornativa. Triste saber que fui despedido por causa disso.

Gostaria de saber o que minha mãe pensaria. Logo ela que teve sua maior decepção ao me ouvir dizer com orgulho, em meus plenos 15 anos:

-Mamãe, vou ser jornalista!

Ela passou uma semana emburrada comigo por causa da minha ousadia. Ela talvez ficasse feliz ao saber que não mais sou jornalista contratado. Infelizmente, mamãe me deixou há quatro anos. Que no outro lado ela esteja rindo, por favor.

E papai. Papai me sustentou até eu conseguir esse emprego e desde então a situação se inverteu. Mas e agora? Que farei? Deixarei o pobre na miséria?

É, ser mandado embora causa muita confusão. Nem sei o que falar. Nada sou fora daquelas portas.

Enfim, achei que beber algumas entre amigos me traria um pouco mais de vida aos olhos. Que nada. Estava sozinho no bar, apenas acompanhado do barman que muito me servira nos quinze anos de freguesia. Ele até tentou me consolar. Inútil, meu caro. Inconsolável sou. Apenas saber que meu chefe levou no rabo poderia me trazer umas raras gargalhadas. Parcas mesmo. Nem isso me trará de volta a emoção de pular de uma van em meio à multidão, munido apenas de um gravador, para pescar algumas palavras de alguma celebridade. Verdade seja dita: O maior vício de um jornalista é a sua profissão.

Sou sincero. Amo mulheres e bebida, principalmente mulheres. No entanto, somente, veja bem, somente cobrir algum escândalo, descobrir alguma fraude, publicar a resenha de alguma grande obra, comentar algum jogo, só esses pequenos prazeres me trazem a emoção necessária para o dia a dia de escravidão trabalhista.

E aqui estou, saindo do bar, nem mesmo bêbado consegui ficar. Caminho com passos curtos, absorvendo as cores do calçadão esdrúxulo que construíram aqui, quando alguém, que conseguiu ficar mais bêbedo do que eu, atravessa minha frente. Ele e a tonelada de aço que ele dirigia.

De mim resta o chapéu, minha marca registrada. Na década e meia que fui jornalista, essa foi minha marca registrada. O chapéu de turista azul-escuro que sempre usava nas melhores histórias. Pena que agora não é mais meu...

Deixei de escrever manchetes para me tornar uma delas.

Que meu ex-chefe fique feliz. Mesmo em morte eu fui capaz de dar um furo para eles.

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Sonho de consumo. Se alguém quiser comprar, ou mandar fazer essas camisetas, eu vou ser bem feliz! ^^ Sério! =)

segunda-feira, maio 29, 2006

Esforço

Sentei diante do PC hoje e tomei a decisão de que teria que escrever uma boa história pra publicar aqui. Se tá boa não sei, mas a história eu escrevi. E com muito esforço. Espero que gostem...
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Comentários do Dia: Até que foi produtivo. A aula de Psicologia foi muito legal. Apesar de uns contras, eu me diverti pra caramba. Pena quem perdeu. =/ Comprei Pesadelo Supremo, uma nova mini-série da Marvel Millenium que me chamou atenção e voltei a me inteirar nesse universo. Ou quase. Estou meio perdido nas reviravoltas, porém, notei ainda os pontos que me trouxeram à ele presentes nas duas edições que comprei. Faltam seis. Acho que Galactus vem aí. Xiiii... E finalmente, escrevi essa história. Que ocupou 4 páginas do Word. Tá pequetita. Rsrsrs Aproveitem!
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Hector

Deu um gole na bebida à sua frente e encarou os papéis. Um contrato quase vitalício. Quase, enquanto durasse a carreira dele e ele não se aposentasse. Como se fossem deixar ele se aposentar. O empresário disse que era uma boa pra carreira dele ser contratado por uma empresa daquelas. Pura lorota. Ele só havia recebido algum gordo cheque pra dizer isso. Emborcou o copo e esfregou os olhos, deitando a cabeça no encosto da cadeira. Havia entrado naquele ramo há apenas um mês e meio e já recebia esse tipo de proposta. Aí tinha. E tinha muita coisa. Ele não estava na melhor fase para pensar.

Em primeiro lugar, seu relacionamento naufragou mais rápido do que o Titanic. Chegara perto de ficar noivo, não fosse a vaca ter desistido pra procurar o amigo dele. Não que o amigo pedisse, mas ela o achava “mais bonito, gostoso e inteligente”. E rico claro, nada demais. Pra azar dela e pra alegria dele, pelo menos pra rir um pouco, o tal amigo era bem gay. Na realidade, gay em partes, porque já tivera algumas muitas mulheres na cama. Porém, já afirmara que preferia homens e tinha um caso de alguns meses com um modelo. Sim, era ótimo pra rir.

Em segundo lugar tinha a família. Seu pai andava nas piores, lá no emprego dele. Sua mãe não tava muito bem de saúde. E seus irmãos, os quatro, passavam por situações que incomodavam mais ainda os pais. Precisava ajuda-los. Era o dever com a família para que fosse educado. Mas nem pra isso ele prestava. Que miséria.

Em terceiro e último lugar tinha a substituta à namorada. Não que já tivesse outra. Só que uma amiga voltara à cidade há algumas semanas e já estava chamando sua atenção. No entanto, ela era meio problemática e parecia trata-lo como irmão.

Tudo isso quase o impelia a aceitar a droga do contrato. No fundo, ele sabia que ia virar um ciborgue nas mãos dos poderosos. E a idéia não era tão desagradável olhando pelo ângulo dos ganhos.

“Deus, se você ta aí, me dá uma luz, caramba!” Pediu de olhos fechados, ainda recostado.

Sabe qual a ironia? Deus atende quando se pede com jeitinho. Nesse mesmo momento alguém bateu na porta.

Levantou-se com sofreguidão e dirigiu-se a dita cuja, com calma e sonolência. Encostou-se na porta e perguntou quem batia.

“É o assistente do seu empresário, ‘seu’ Pedro”.

Assistente? Agora o babaca andava com esse porte? Desistiu de pensar e abriu o trinco. Do lado de fora um guri bem arrumado, mas meio estranho, o encarava com olhos bem arregalados. Olhos meio familiares, na verdade.

“Vamos, Sr. Ferreira?” Perguntou ele, sorrindo de uma maneira engraçada.

“Vamos...? Aonde?” Respondeu Pedro, meio assustado com o rapaz.

“Ao passeio que vai estabelecer sua vida...”.

...

Dez minutos depois, eles andavam pela rua geral, a passos curtos e sem vida. Pedro se sentiu meio perdido ali, andando ao lado daquele garoto que nem conhecia.

“Escuta, que história é essa de passeio que vai estabelecer minha vida?” Perguntou olhando pro chão, contado os passos e fazendo problemas matemáticos ilógicos de cabeça.

“Você não acreditaria se eu chegasse e dissesse, então é melhor eu nem tentar. Saiba apenas que não, não sou assistente do seu empresário e nem aceitaria ser. Eu sou um amigo, considere assim”.Respondeu o rapaz também olhando pro chão. Aparentemente ele estava repetindo a mania do “amigo”.

“Escuta, em geral eu conheço meus amigos, e com certeza não conheço você. Além disso, nem sei porque estou andando com você.” Olhou pra frente e pensou bem nisso. Por que estava andando por ali com ele?

“Talvez eu te traga alguma segurança e você saiba que eu falo a verdade. E sinceramente, eu não te lembro nada não?” A esperança surgiu naqueles grandes olhos meio amarelados.

Pedro olhou para o guri vendo se ele já o conhecia. Cabelos castanho-escuros, quase pretos, rosto magrelo, os olhos já falados, a barba mal-feita. Havia sim algo de conhecido nele, só não sabia o quê. O silêncio brotou e o garoto baixou a cabeça, desconsolado.

“Esquece então, só me segue e me ouça. Acredite em mim”.

Andaram mais alguns passos e o rapaz parou para olhar em volta. Viu algo que chamou a sua atenção e começou a caminhar naquela direção. Quando Pedro seguiu-o, viu que se dirigiam ao parque. O que ele queria ver no parque, afinal?

“Ei! Qual sua intenção?” Perguntou, correndo atrás dele.

“Se eu não me engano, você vem aqui ás vezes para relaxar”.Respondeu o garoto de costas pra ele procurando alguma coisa. Sorriu quando achou. “Mais precisamente ali”.

Pedro deixou o queixo cair quando o garoto descreveu com certeza uma mania dele. Aquele parque já propiciara a ele algumas boas crônicas em vários tipos de dia, mesmo os chuvosos. E isso porque, na beira do rio que o cortava, havia uma casinha abandonada que vivia aberta e onde ele podia se sentar, ouvindo alguma música que gostava e apreciando a vista.

“Olha... Se eu te conheço, desculpa por não lembrar”.Sentiu a boca secar. “Mas eu não lembro de ter contado a ninguém sobre esse lugar”.

“Contou para minha mãe”.Deixou escapar o rapaz e olhou meio choroso. “Papo pra outra hora, agora, senta aí que temos algo pra discutir”.

Pedro aceitou a idéia não porque se sentiu bem com ela, e sim porque quase caiu com a resposta dele.

“Eu sei a barra que você está passando e vim conversar contigo pra ver se te ajudo. Não vou dizer o que você deve fazer, vou apenas sugerir opções. Quanto a sua família, tenha cuidado com o que você decidir. Sério...” Duas ou três lágrimas rolaram dos olhos dele nessa hora e Pedro sem saber porque se sentiu meio triste também. “Cuide da sua mãe, não precisa ser só com dinheiro, dê um pouco de atenção a ela”.

“Como você...” Pedro gaguejou.

“Eu só sei, ta bem? Melhor não comentarmos isso”.Respondeu ele e mordeu o lábio inferior. Pedro sentiu que já vira alguém fazer isso, só não sabia quem.

“Certo...”.

“Sua mãe não vai ficar melhor se você apenas encher ela de remédios e começar a dar luxo. O dinheiro que você pode ganhar vai dar isso, e apenas isso. É necessário algo mais. Eu optaria em dar uns toques pro resto da família. Seus irmãos são meio egoístas sabe? E você também. Estejam mais com ela. Acho que é um remédio melhor. Teria ajudado a minha avó...” Ele fechou os olhos e soltou um riso meio sarcástico “Pena que ninguém pensou nisso naquela época”.

“Sei... Compreendo... Mas o meu pai...” começou Pedro e calou-se diante do olhar do garoto.

“Seu pai tem os problemas que ele criou. Confie em mim, é melhor que ele afunde primeiro e depois seja ajudado a se erguer... Ele vai conseguir". O olhar dele passou de fúria a uma calma mais passiva.

“Compreendo...” Olhou pela janela, visualizando o rio. Conhecia de cor aquela vista.

“Cuide desse lugar. Talvez ele não se transforme no que muitos outros lugares se transformaram”.Comentou o garoto, olhando pela mesma janela.

“Em quê?” Perguntou Pedro curioso.

“Em um cemitério... Dos mais variados tipos”.Respondeu o garoto com certa raiva.

Pedro calou-se e o garoto se levantou. Seguiu ele pra fora do parque e em direção ao norte da cidade. A ala dos vagabundos, como vivia repetindo seu empresário. Aquele imbecil tinha tanta grana que qualquer um que fosse menos que classe média era mendigo. E isso incluía os escritores sem contrato, como ele era há algum tempo.

“Sabe... Você merece algo melhor do que estão te oferecendo”.Soltou o guri de repente.

“Como o quê?” Perguntou Pedro meio que bêbado. À volta da imagem daquele nojento papel fizeram ele ficar meio cambaleante, meio “deprê”.

“Sei lá... Olha... Muitos escritores fizeram sucesso lançando seus trabalhos independentemente, sabe? Talvez se você procurasse alguma editora?” Sugeriu, com um ar misterioso.

“Você conhece alguma?” Perguntou Pedro desconfiado.

“Ah, conheço sim. Essa”.Tirou um cartão do bolso e entregou a ele.

Pedro pegou o cartão e olhou. Não conhecia a tal editora, porém, sentiu que podia confiar. Apesar disso, perguntou com uma coceira atrás da orelha.

“Você não tem nenhum vínculo com essa empresa não é?” Estreitou os olhos de uma maneira que fez o jovem rir.

“Como eu me lembrava... Sempre assim... Não, não. É só um amigo do meu pai. Ele vai te dar uma grande ajuda”.Respondeu, andando mais rápido.

“Sei. E devo anunciar que foi você que me indicou o lugar?”.

“Acho melhor não, ele pode achar estranho”.Respondeu ele com um ar serelepe.

Pedro olhou mais uma vez o cartão e gostou. Sorriu pela primeira vez de verdade nos últimos tempos.

“Você parece ter vindo na hora certa. Está resolvendo todos os meus problemas. Deixe-me adivinhar: Agora você vai me falar de amor”.Provocou, entrando no jogo.

“Certíssimo, capitão!” Provocou de volta o rapaz.

“E o que você me recomenda?” Perguntou Pedro olhando o céu.

“Antes, deixe-me conduzi-lo até ali”.Respondeu o rapaz, indicando uma velha cafeteria.

Ele conhecia bem o local. Era famoso por ser o point daquela ala dos vagamundos. Muitos escritores em crise ou prestes a entrarem em ascensão se encontravam ali. Entraram na cafeteria com certa apreensão. Havia uma mesa vaga no canto direito. Sentaram nela e pediram dois cafés. Pretos, com pouco açúcar. Muita coincidência.

“Então, afinal o que você vai me dizer?”.

“Que pressa hein? Pra quem não acreditava muito em mim antes”.Brincou o rapaz, balançando a colherinha. Tomou um grande gole e posou a xícara, olhando pra ela. “Tipo, essa garota que te abandonou. Você ri dela agora, mas ainda assim, sente falta, não é?”.

Touché! Havia acertado em cheio. Fazia algumas semanas que ele fingia rir da situação. Mas quando sozinho, sentia uma dor estranha. Perdera muita coisa.

“Ainda assim, você tem outra pessoa em mente não é?” Ele colocou mais força nessa pergunta.

Suspirou. Ele estava se tornando certeiro demais. Já estava suspeitando de algo havia alguns minutos, só não estragaria o jogo.

“Sim, eu estou me interessando por outra. Só que nós...” começou e não conseguiu terminar. A voz saiu embargada e ele quase chorou.

“Por incrível que pareça, eu entendo. Mas porquê não?” Insistiu o guri e Pedro não soube responder. Medo, quem sabe? “Você acha que se arrependeria se desse certo?”.

“Nunca! Seria bom demais...” Chorava.

“Então...” O garoto apertou a mão dele e Pedro sentiu que sabia a verdade.

“É, você está certo...” Pedro aceitou o apoio e olhou direto nos olhos dele. Foi à vez do garoto engolir em seco. “Qual seu nome, afinal de contas?” Perguntou com toda a força que a voz lhe permitia.

O garoto sorriu.

“Meu nome é Heitor, muito prazer”.Pedro sorriu também. Por um minuto ficaram sorrindo e então algo chamou a atenção de Heitor. “Acho que é hora de ir, sua companhia chegou”.Levantou-se e se despediu de Pedro que ficou ali sentado surpreso.

Quando haviam entrado, Pedro acabou se sentando de costas para a porta e Heitor de frente. Mas quando Heitor se dirigiu à saída, Pedro pode ver quem entrara. Ali na porta, ELA estava de pé. Seus olhos se encontraram e ela caminhou até ele. Passou por Heitor e nem o notou, mas ele a notou. Ele parou e baixou a cabeça e Pedro soube que ele chorava. Uma última vez Heitor olhou pra trás e sumiu pela porta. ELA chegou até ele e disse as cinco palavras perfeitas.

“Oi. Posso me sentar aqui?”

...

Horas depois eles se dirigiam até o apartamento dela, de braços dados. Pedro se sentiu feliz como havia tempo não se sentia. Olhou para ela e riu. Riu muito, pra falar a verdade. Ela não entendeu, mas riu junto. Conversaram sobre muitas coisas, sobre o futuro deles.

“Ellen, queria saber... Que você acha de ter filhos?”

“Acho uma idéia legal, amor. Mas porque isso agora?” Perguntou ela meio desconcertada.

“Só estava pensando... Que você acha do nome Heitor?”.

quinta-feira, maio 25, 2006

Hi/Hola/Oi/Hai

Hoje é quinta-feira e eu finalmente estou bem, me sentindo revigorado. Por isso resolvi criar vergonha na cara e escrevi algo, que vou postar aqui hoje para vocês. Espero que gostem, pois eu gostei e é isso que conta, não é? Um escritor escreve ao mundo para contar a sua história para si mesmo. Se o mundo acha agradável ou não, isso não é levado em consideração. Não que eu esteja reclamando nem nada, só informando aqui uma teoria desenvolvida. Nada demais. Bem, espero que se divirtam.
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Comentários do Dia: Aiai, fui no dentista hoje. TRÊS CARIES, acreditam?!? Absurdo!!! Meu irmão que come muitos mais doces, escova menos os dentes, toma menos cuidado não tem nenhuma e eu tenho três!!! Me odeio. BAH! Ahn, finalmente cochilei o suficiente para recuperar as forças, estou quase ótimo. Falta pouco. Por isso consegui escrever alguma coisa pra trazer pra vocês. Ouviram? É quentinha! Aproveitem. Ah! Comprei os ingressos para amanhã! IEI! Vou ver X-Men 3!!! Estou feliz. Estava esperando por esse filme a Long Time Ago. É isso. Abraços e beijos. Té. -------------------------------------X-------------------------------------

...

Tirou a carta do bolso e amassou. Riu baixinho e saiu a caminhar pelo parque. Viu um casal sentado em uma toalha diante do lago e por pouco não passou por eles e se atirou na água gelada de outono. Como dito, por pouco. Saiu a caminhar por entre as árvores e surpreso encontrou um ponto no parque que não conhecia. Ali, entre os troncos se estabelecia um cerco, no qual no centro figurava uma imponente fonte de dois metros e meio de altura.

Observou com calma aquele isolado cenário e decidiu que descansar ali, escondido de todos, seria perfeito para ele. Deitou-se em um dos bancos-tronco que rodeavam a fonte e permaneceu a observar o céu de fim de tarde. Conhecia cada uma daquelas estrelas que em breve apareceriam, pois passara as duas últimas noites a contemplá-las. Deixou que uma única lágrima escorresse. Essa seria pela dor. E só.

Passou muito tempo deitado ali, não saberia dizer quanto. Estava já de noite quando ouviu um uivo agudo saindo por entre as árvores e se levantou, com medo. Pelo som, parecia ser ou um cachorro do mato, ou um lobo. Mas o que qualquer um dos dois faria ali, no meio daquele parque? Viu, tremendo, uma figura canina surgir. A princípio achou que era um cachorro muito grande, só quando a lua conseguiu ilumina-lo por completo viu que era uma pessoa. Uma pessoa muito estranha. Possuindo orelhas de cachorro, garras afiadas e um olhar muito, mas muito animalesco.

Andou dois ou três passos para trás e esbarrou em algo. “Merda!” pensou “O banco...”. Viu então algo que o deixou menos nervoso. Aos poucos, a figura começava a adquirir aspectos mais humanos, a não ser pelas orelhas. E quando chegou mais perto, notou que era uma mulher. Ela caiu diante dele e enfim ele viu a enorme ferida debaixo do ombro dela, mais ou menos nas costelas esquerdas.

Ficou parado durante micro-segundos, pensando no que poderia fazer. A chegada dela havia sido absurdamente estranha e havia deixado ele em alerta. Decidiu que danasse-se o mundo e coisa e tal e resolveu chegar mais perto. Quando se aproximou mais um passo, a criatura feminina no chão abriu os olhos um pouco. Não tinham mais formato de animal, agora eram bem humanos, verdes pra falar a verdade. Pegou-se admirando-os. Resolveu tentar contato.

- Olá?

Ela rosnou um pouco e se mexeu. Ele então a segurou. Reparou que ela possuía caninos bem afiados e se lembrou de certos comentários que ouvira dos amigos esquisitos da faculdade, que caçoavam dele chamando-o pelo mesmo nome que passara em sua mente agora. Seria possível?

- Tem... Algum jeito... De eu ajudar você? – perguntou tentando virá-la de cabeça para cima.

- Sangue... – sussurrou ela e ele não teve dúvidas.

Mas deveria? Não seria melhor que ela morresse e fosse uma a menos? Espera... Haveriam outros? Teriam eles feito isso com ela? Olhou em volta, apavorado e ficou aliviado ao constatar que estavam sozinhos na clareira. O alívio durou pouco. Lembrou-se do dilema e a encarou. Os olhos dela estavam ficando novamente animalescos e ele temeu o que viria. Resolveu ajuda-la. Arregaçou a manga e ofereceu seu pulso a ela.

Sentiu uma dor diferente, como uma pontada de agulha, no braço e de repente prazer. Até que não era ruim. E ela bebeu. E como bebeu. De repente ele se sentiu fraco e caiu por sobre ela, que o abraçou ternamente. Em minutos, ele se sentia vazio, caído ao chão. Então algo fresco, morno, tocou seus lábios. Sorveu o líquido e gostou do que sentiu. Passou a beber, com sofreguidão. Quando estava se satisfazendo, ela tirou o braço da boca dele e fechou o ferimento.

Ele sentiu o corpo passar por algumas dores e viu que ela o encarava meio que maternalmente. O que ela teria feito? Antes de cair no chão, a viu estender os braços e ampara-lo e antes de apagar, viu que ela estava com a carta dele em sua mão. “Mas quando...?”.

...

Acordou em um lugar que lembrava muito uma chácara. Sentiu o corpo dolorido. Olhou em volta e não reconheceu o ambiente. Notou que estava sem roupa e se sentiu invadido. Percebeu os sentidos se aguçarem aos poucos e de repente se tornarem absurdamente perfeitos. Tirou os óculos que não precisava mais e sentiu vontade de uivar. Conteve-se ao ouvir o barulho da porta abrindo. Ela entrou e ele a reconheceu. Agora estava muito melhor. Vestia um casacão sobretudo, os cabelos negros amarrados. Por debaixo do casaco um corpo muito bonito, tipo atriz de cinema. E os olhos verdes. Os grandes olhos verdes que o haviam traído antes.

Ela carregava um corpo pelo pé e jogou para ele. Bebeu até se sentir preenchido e completo. Ela ofereceu roupas novas e ele vestiu. Faltava ainda algo. Ela veio e lhe beijou, com força. As roupas novamente não estavam mais nele e sim ela. Duas ou três horas depois, os dois embolados no feno, face a face. Ela sorriu e ele teve certeza. Nem precisou perguntar. Ela não havia lhe dado o bolo que ele acreditava ter levado.

terça-feira, maio 23, 2006

Férias Fora de Época

Estou aqui, de volta, após uma rápida sessão de férias. Não só por falta de tempo ou esquecimento. Estou passando atualmente por um problema sério de vazamento mental. Minhas idéias vem como em fast food: Chegam correndo, uso rápido e não me satisfazem. Quem quiser se candidatar a me ajudar nesse ponto eu agradeço. Por enquanto, vou deixar os truques para último caso.
De qualquer forma, de sábado pra cá tem sido proveitoso. Vamos aos comentários de Férias.
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Comentários de Férias: Well, vamos localizar-nos. Deixei de comentar sábado, domingo e segunda. Bom, aqui vai.
Sábado teve o famigerado campeonato. Foi difícil, foi complicado mas eu e o Hiury nos consagramos. Em uma complicada batalha final, por pouco não ficamos em primeiro lugar. Pouco. Era uma luta entre Chouji (Eu) e Neji (Hiury) contra Kimimaro (Gui) e Awakened Hinata (Thayse). Num é por nada não, mas esses personagens são bem apelões. Como o Neji do Hiury. Não fui lá muito bom, mas tive meus momentos. Como um round em que eu consegui destroçar aquele saco de ossos chato. Rsrsrs
Domingo joguei Vampiro. Pra caramba. Foi hilário. Amora ganha o prêmio Malk por sua atuação desesperadora. E Mia ganha pode ganhar o prêmio paciência. Kal leva o prêmio de consolação pra casa por seus estranho azar nas jogadas de dados. Acontece, Kal. Foi divertido pacas. Durou muito, mesmo, e deu pra aproveitar. Saímos de lá cansados, mas satisfeitos.
Segunda... Bom, segunda conheci o famoso O Estado. Não é por nada não, mas eu esperava um pouco mais. Sério. O lugar até que é legal e sim, eu fiquei encatando com aquele arquivo. E com um certo comentário que minha namorada soltou lá, né mô?
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O Código da Vinci - Dan Brown

Eu demorei, e como demorei, mas finalmente adquiri e li essa assediada obra. E não me impressionei com ela. Sério. Existem muitos pontos fortes, só que também há muitos mais pontos fracos. O final meio vago, o exagero do feminino, o vilão ridicularizado, a falta de justificativa para alguns fatos. Caso comum em uma obra que funciona como best-seller, mas não como livro de cabeceira.
Vamos aos pontos fortes. Dan Brown soube fazer uma vasta busca e fico honrado em saber que meu antepassado, Botticelli, foi incluído nela. Isso permitiu que ele abrisse um leque de opções de fuga para o seu próprio texto e criasse enigmas e estratagemas dignos de cientistas e codificadores militares. O caso é que infelizmente ele abusou disso. Langdon me encantou a princípio por ter substância. Ele não é só um mocinho bobo. Ele acredita no que diz e tem base para isso. E por ter um histórico vindo do livro anterior Anjos e Demônios, o carisma logo o acompanhou. Sophie não é tão poderosa. Ela tem seu charme e resgata ás vezes o encanto de menina, só que o autor quase que transforma isso em um desastre. O ponto mais fraco é a maneira como ele expressa o sentimento de tragédia e culpa dela. Acho que poderia ser mais profundo, sem deixar de ser vago o bastante para manter o mistério.
Estou me aproximando demais dos pontos fracos, porém, tudo tem um motivo. Como disse anteriormente, Langdon me encantou e Sophie me chamou atenção, no entanto, até o final do livro isso se reverteu aos poucos. Até o final. Sophie parecia ganhar energia e Langdon se abafava diante do amigo Leigh, o que não durou depois de resolverem a última charada. Novamente Robert virava o principal e Sophie a sua contraparte que servia de motivação para a história.
Um ponto muito forte do livro em português é a tradução que consegue não interferir na obra. Saber dosar quando se deve fazer uma tradução literal, quando deve ser menos exigente e quando deve deixar no original é um talento e tanto. Aplausos para os tradutores.
A versão do livro que li, aliás, é a versão ilustrada. Acho que aqueles que não quiseram ou puderam procurar ou gastar mais, ou talvez nem soubessem, tiveram um problemão para se achar dentro da história, já que uma das características de Dan Brown é de procurar lugares bem... Peculiares para esconder suas mensagens.
Aí que vem o ponto fraco principal, na minha humilde opinião. A mania de perseguição, ou melhor, de conspiração. A Opus Dei foi uma totalmente contrária à Dan Brown pelo livro, mesmo que seus personagens não sejam lá os vilões que eles fazem parecer que Mr. Marrom escreveu. Na realidade, são dois personagens bem interessantes, apesar de aparecerem pouco. Palmas ao albino Silas por sua maneira de ser. Este é um personagem duro de se fazer, um que mantém seus ideais e tem estabilidade. Não que personagens precisem ser o tempo todo do mesmo modo. Mas anti-heróis que se sacrificam em situações totalmente contrárias às suas idéias originais são totalmente... URGH!
É. Bem, não fui muito profundo, nem muito raso. Preferi deixar para o final o prato principal: Bezu Fache. Bom personagem, muito bom. Mas Brown faz questão de perdê-lo no seu desfecho bizarro. Havia tudo para colocar a cena final em um grande embate de ideais e não foi o que Brown fez. Medo de desafiar algo inespecífico? Talvez. Existe uma bela possibilidade de ser isso. Não sei dizer.
Quero deixar bem claro que essa é a minha idéia. Ainda mais, eu pretendo ver o filme e provavelmente vou gostar. Por mais que as críticas do Omelete tenham massacrado a obra. Vou estar lá.
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Para os cinéfilos de plantão: http://www.omelete.com.br/cinema/news/base_para_news.asp?artigo=17950

sexta-feira, maio 19, 2006

Voltando!

E aqui estou eu, again! Renovado e melhorado, tô pronto pro final de semana agitado que vem aí. Sem comentários do dia! Hoje trago a vocês o capítulo 2 da minha história que continua sem nome. Eu não tive idéias e ninguém me deu uma... Ah vai, pessoal, não sejam sovinas, doem uma idéia a um sem-idéias. Não custa nada. Quem quiser doar uma, ligue 0800-comentário1, quem quiser doar 5, ligue 0800-meu-e-mail, quem quiser doar 10, ligue 0800... Esquece... Rsrsrs Ninguém tem como doar dez. Mas tudo bem! Valeu a pena tentar. Bom, hoje, é com vocês! Fui!
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Capítulo 2 – Sr. Bogia

Adriano Bogia é o sonho de qualquer aluna. 26 anos, alto, moreno, olhos azuis, cabelos arrumados, é um ótimo professor e instrumentista. Seus problemas resumem-se à nunca ter saído da cidade onde nasceu, perdendo assim a chance de crescer no resto do mundo. Mesmo assim, gosta do que faz. Por isso já tem fama diante da escola, sendo o preferido da maioria dos alunos do ensino médio, onde dá aula de matemática. Por escolha própria, assumiu também a cadeira de maestro da banda do colégio, onde ele mesmo toca vários instrumentos.

Por questão de princípios, gosta de se meter na vida de seus alunos, dando à eles a “mãozinha” necessária para que façam o máximo que podem. E por isso, em plena segunda-feira, em frente à toda a classe do Terceirão do Cruz e Souza, escolheu os extremos opostos da sala (Leia-se Jaques e Jéssica) para formarem a dupla de um trabalho que valeria peso dois, o mesmo que uma prova. A resposta dos dois foi a seguinte...

- QUÊ?!?

- Esse viado ficou biruta?!? – pensou Jaques.

- Professor, o senhor bateu a cabeça? – pensou Jéssica.

Como visto, as respostas foram similares, apenas com palavras diferentes. Mas Adriano não estava nem um pouco fora do seu juízo. Apenas tinha planos para essas duas mentes.

- Vocês ouviram, a última dupla é a de vocês. E ponto final. Quero esse trabalho pronto para daqui a três semanas, para dar tempo de vocês fazerem e estudarem também. E antes que eu ouça reclamações da área dos futuros universitários... – e olhou para um pequeno grupo de “crânios” no canto que já abriam a boca – Saibam que DÁ tempo sim e o diretor já aprovou como uma forma de incentivo à Matemática, já que alguns de vocês AINDA não tocaram em seus livros esse ano... – e olhou para o outro canto da sala.

E o sinal tocou, indicando fim da aula faixa que havia começado tão bem.

Enquanto isso, no São Bastião, o professor de música Carlos Andrade, estava diante de um “pequeno” desafio. Daniel e Henrique.

- Vejam bem, vocês tem fama já de não se adaptarem com a banda do colégio. Você, Henrique, por ser bom e saber disso. E você, Daniel, por ser bom e não saber disso. Agora, caros indivíduos. Podem me explicar o porquê de vocês teimarem em se unir à banda esse ano?

- Olha, Carlos, não é que eu teime, mas... Ce sabe, minha mãe que quis que eu fizesse e eu não tava muito a fim, entende? – Daniel dizia enquanto já se recostava na cadeira.

- E eu, fessor, não tava muito a fim de ter que passar mais um ano tocando as músicas que o diretor insiste em colocar pra banda tocar. São... Banais!

- O corpo docente não pensa assim, Henrique. E... Daniel... Não sei se você sabe, mas sua mãe JÁ pagou a taxa de inscrição e não vai querer pagar cadeiras novas. Tira o pé daí.

- Foi mal, foi mal...

- Escutem. Eu compreendo essa repulsa de vocês ao trabalho e ao tedioso. Por isso, esse ano eu fiz algo que vai compensar vocês. Os dois são os primeiros membros da banda não-oficial do colégio. É, não me olhem com essa cara – Daniel já tinha ficado ereto e Henrique passou a olha pro professor – Existe agora uma banda NÃO-oficial no colégio. Uma banda de música mesmo. Ou seja, vocês vão tocar o que EU quiser, não o que o diretor quiser e onde EU quiser. E sim, vai ser bom.

Imperou um pequeno silêncio enquanto os dois digeriram a informação.

- Isso quer dizer que... A gente vai tocar COM você e não para você? – gaguejou Henrique.

- É, é isso mesmo. Eu vou tocar bateria, você vai tocar baixo e o Daniel vai tocar violão. Precisamos de mais músicos, mas isso arranjamos. Por ora, a idéia é termos algo BOM pra apresentar pra diretoria. Ou seja, vamos ensaiar direto e já, entendido?

Poderia se jurar que uma pequena centelha se acendeu nos olhos de Daniel, mas foi muito rápido.

- E o quê devemos tocar? – foi o que ele perguntou... E se arrependeu depois.

- Vocês vão ver já já...


Em uma sala escura como um calabouço e fria como uma geladeira, Marrie editava a sua página semanal. Não que ela fosse gótica obcecada ou coisas do tipo. Só que ela realmente gostava de ficar assim, ajudava ela a relaxar. Ouvindo músicas underground no pc, ela quase chegava ao estado zen e isso a tornava perfeita pra escrever. Claro que tudo que é bom pode ter seu balde chutado. Não deu pra contar até três, o chefe dela irrompeu pela sala sem bater... De novo.

- Marrieanne! – gritou ele quase tropeçando em alguns papéis no chão. Parou antes do terceiro passo.

Em algumas de suas histórias, Marrie se imaginava como uma assassina, que mataria por pronunciarem seu nome completo. Naquele momento, se olhar matasse, Marrie seria uma serial killer classe S.

- Você não podia ao menos uma vez entrar como uma pessoa comum?!? – perguntou ela apertando a região acima do nariz com o polegar e o indicador direitos. Mania dela.

- Desculpe, desculpe. Mas isso é importante. O diretor falou de um novo projeto que o professor Carlos tá montando e queria que nós fizéssemos uma matéria sobre isso.

- Entrevistar o professor? – perguntou ela esperando a bomba.

- Não... Quero que você entreviste Henrique Bastos, o gênio musical da escola.

- UGH! – bomba acionada. Explosão completada.

Daniel chegou em casa, brigou com a mãe, comeu o lanche, subiu pro quarto, jogou a mochila em um canto e praguejou. Tudo isso em apenas vinte e cinco minutos. Pode não parecer, mas ás vezes ele é um atleta.

“Diacho, logo agora que eu tava quase conseguindo sumir naquele colégio, virei atração dele? Banda... Há! Brigado mãe!” jogou a almofada pra cima. Quando ela voltava, deu um soco e a pegou.

“Que fazer? Não há remédio. Eu até que me empolguei de tocar algo legal, mas sei lá... Aquele Henrique é muito ‘Eu sou o máximo!’ e a escola vai acabar interferindo... Me***! Que fazer?” Olhou em volta. Viu o violão e o computador e só pode pensar: “Vou extravasar”

Aproximou-se da cadeira do computador, sentou e pegou o violão. Conectou ele ao pc, e o ligou, pronto pra brincar. Começou com alguns acordes e logo estava tocando uma música de cabeça. Não sabia qual, só sabia que gostava daquilo. Abriu o programa de cifras e o MSN. Por um acaso, havia um contato novo. Aceitou-o.

#Hei! Conheço vc?#digitou.

TREVOR_JUSTUS_BELMONT respondeu: #na real, nop# e em seguida #te add pq vi teu nick lá no fórum do site d mp3#

#Aaaaah. Que ce ove?#

#nd d+, musik japa, rock, metal, naum gosto mt de nac, mas ovo, e tb naum gosto mt de pop. e vc?#

#Mais eclético. Ovo de td um poko.#

E por aí foi. Seria chato e não conveniente continuar lendo a conversa dos dois. Só um segredo. Trevor é na verdade o pseudo-nerd Jacques, imagina como isso vai acabar.

Nesse instante, na casa de Jaques, a mãe dele bate na porta, o forçando a abandonar a conversa.

- Que é, mama? – pergunta ele com o sotaque italiano que a mãe usa.

- Sabe aquele trabalho que tu me diste hoje no almoço? – respondeu ela com uma pergunta carregando o sotaque em um rebuscado português – Pos é. Yo falou com minha amiga, Isabella. E ela me contou que seu filho é muito bom em matemática.

- Que que tem, mama?

- Que filho burro que eu tenho! Ele pode te ajudar, Jaques! – respondeu ela irritada, o sotaque ficando cada vez mais forte.

- Tá, tá, mama! Eu procuro ele depois!

- Não esqueça, bambino! – gritou ela e saiu xingando em italiano o que quer que fosse.

- Putz, que mãe hein? Credo... Deixa eu ver se o guri ainda ta... Ah, não... Ele saiu! Grande mama! Grande! – praguejou Jacques movendo o scroll do mouse algumas vezes.

Sentou na cama e olhou o teto, onde figurava um pôster em tamanho natural de um personagem de um clássico jogo japonês. Na realidade uma série, Final Fantasy. Ele portava uma espada gigante e tinha um cabelo muito estranho loiro. Jacques adorava aquele jogo. Uma das únicas coisas de nerd que ele não precisava fingir. Fingir... Jacques fechou os olhos e lembrou da infância, quando sua popularidade em qualquer grupo beirava o 0. Por coincidência, ele tinha mais um amigo que era assim, mas não lembrava o nome dele. Fazia muito tempo. Agora, Jacques era semi-popular, bom, ao menos entre os nerds. Isso tinha suas vantagens. Algumas.

Henrique cruzou a garagem procurando por alguma coisa. Isso seria difícil SE a garagem tivesse a função que deveria, que seria portar um carro. Nada disso. Aquela garagem se tornara o depósito musical de Henrique. Com exceção do baixo, que guardava no quarto, todos os outros instrumentos que o guri já havia experimentado figuravam ali. De corda, de sopro ou percussão, ali havia material para uma banda inteira. Infelizmente, nenhuma havia tocado muito tempo com ele. E ele não entendia porquê. Um dos antigos colegas dele falou sobre ego, e ele não entendeu.

- Praga! Cadê aquela coisa...? Ah... Ta aqui! – gritou puxando uma chave antiga do meio da bagunça. – Mã! Achei!

- Traz pra cá, moleque! Aproveita e vê se depois dá uma limpada nisso aí! – gritou a mãe de dentro de casa.

- Ta bom, manhê, ta bom... – saiu bufando, carregando a chave.

Voltou cinco minutos depois, de avental e lenço na cabeça. Odiava usar aquilo, totalmente, mas era preciso. A situação na garagem estava em estado de miséria e ele não queria sujar a roupa. Começou a arrumar tudo, tirar o pó. Fazia muito tempo que ele não tocava nenhum daqueles objetos. Em especial a percussão. Havia quase quebrado a mão tocando bateria quando resolveu ser punk. Péssima idéia. Durou duas semanas e quatro dias. A mãe gostava de anotar para mostrar a ele depois o quão superficial ele estava sendo. Ele sempre agradecia, só que continuava com a mania. Estava terminando de limpar o bumbo quando tocou a campainha. Conhecendo a mãe, deveria ser uma daquelas visitas dela, amigas que ela formava em alguns dos vários, e eram muitos mesmo, grupos que ela participava. Por isso, estranhou quando ouviu passos.

- Rique! Visita pra você! – gritou a mãe.

Ele olhou desesperado para a porta, tentando achar uma solução. Demorou demais. No instante seguinte surge uma menina toda dark entrando por ela e fica estática ao ver a cena.

- Oi... Cheguei em má hora?

quinta-feira, maio 18, 2006

Dois em Um Parte Two

Como dito no post anterior, o post de hoje é duplo na tentativa de compensar os já dois dias que eu não postei nada aqui. No primeiro eu falei daquela obra ali. Agora, estarei postando duas coisas bem particulares. Uma estará sendo conferida aqui mas será publicada um dia no projeto Profecia do Portal, o jornal do grupo Portal Potter, do qual participo. A segunda é a letra da música que me inspirou quando tinha 13, 14 anos e que ainda me inspira e um dia vou saber tocar perfeitamente. Divirtam-se... Ou não... Vai do gosto de vocês... Rsrsrs ;)
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O "Demoníaco" Harry Potter

por Antônio Henrique

Há muito tempo, em um condado de nome Salem, várias mulheres foram acusadas de bruxaria e queimadas na fogueira. A ignorância e o preconceito podem ter formado vítimas inocentes torradas. Ainda hoje, esse parâmetro não muda. Em alguns lugares desse vasto mundo chamado Terra, existem pessoas que parecem temer o desconhecido e desejam afastá-lo para não enfrentá-lo. No divã hoje, Harry Potter.

O garoto de atualmente 16 anos é um personagem de seis livros no qual ele cresce, física, espiritual e mentalmente. Enfrenta o mal em várias encarnações, erra e aprende com seus erros, se torna maior e melhor. Uma evolução considerável para um adolescente, que vê pessoas morrerem a sua frente. Amigos, parentes, entes queridos falecem, mas o garoto aprende com isso, toma atitudes e se posta diante do mal. Ainda assim, ele é demoníaco. Puramente porque pratica magia.

A palavra "magia", aliás, causa reações estranhas a algumas pessoas. Para alguns céticos, é apenas ficção e não afeta sua realidade. Estes são quase tão incomôdos quanto os outros, dos quais vou falar aqui. Só que ficam mais quietos. Esses "outros" possuem uma visão totalmente oposta. A magia, no caso bruxaria, para eles é repulsiva, é indesejada. Demoníaca, se usar suas palavras. Porém, se algum estudioso buscar nas mais de três mil páginas escritas até agora não haverá de encontrar em nenhuma delas uma simples menção ao capeta.

Esse é o problema dessas acusações. A maioria delas é feita a esmo, sem base alguma e se perde quando são apresentados os fatos. Se perguntado à essas pessoas se em algum momento elas tocaram nas obras, poucas dirão que sim. Muitos tomam por base relatos de conhecidos ou comentários feitos entre um grupo específico. Assim foi com Tolkien, assim é com Rowling e, atualmente, está sendo com Brown. Interessante comentar que os ideais dessas pessoas podem ser afetados por um livro de histórias, de maneira tão fácil. Certo, eles afirmam que afetaria suas crianças. Ora veja, em um livro onde pode se falar palavrões, mesmo que fracos, ou de morte na página seguinte à uma página de alegria não é exatamente um livro infantil. No entanto, as mais sábias palavras foram ditas recentemente por uma criança de nove anos em Atlanta: "se você não gosta, não leia" (http://www.omelete.com.br/games/news/base_para_news.asp?artigo=17552). Exatamente isto, se não gosta, nem chegue perto.

Harry Potter não é, e provavelmente jamais será, demoníaco. Podem afirmar até que Voldemort é o diabo, mas não existem palavras nos livros ou sequer comentários da autora que dizem isso. Ele é mais como um Adolf Hitler bruxo, que tomou o poder nas mãos e resolveu agir de maneira inexcrupulosa.

É recomendado à qualquer um, seja de algum culto ou de algum grupo científico, que antes de acusar qualquer obra, seja de Rowling, de Brown, de Colfer, seja de quem for, leia antes e veja se suas acusações possuem algum fundamento.

O garoto de Atlanta pode ser um dos afetados por uma mãe que pediu que os livros de Harry Potter fossem banidos da biblioteca da escola. Pois é, vejam que exemplo de compreensão essa mãe passará a um dos seus três filhos.

PS: O caso já foi resolvido e por acaso, ela não conseguiu. o Conselho manteve os livros em circulação. Viva a democracia!

PPS: Para lerem fatos do caso, acessem o Omelete e façam uma busca.

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Green Day - Basket Case

Do you have the time to listen to me whine
Você tem tempo pra me ouvir reclamar?
About nothing and everything all at once
Sobre nada e tudo ao mesmo tempo
I am one of those
Eu sou um desses
Melodramatic fools
Tolos melodramáticos
Neurotic to the bone
Neurótico até o osso
No doubt about it
Sem dúvida nenhuma

Sometimes I give myself the creeps
As vezes eu me assusto
Sometimes my mind plays tricks on me
As vezes minha mente apronta comigo
It all keeps adding up
Isso tudo se acumula
I think i'm cracking up
Acho que estou "quebrando"
Am I just paranoid?
Sou paranóico?
Or I'm just stoned
Ou eu só estou chapado

I went to a shrink
Eu fui a uma psicóloga
To analyze my dreams
Para analisar meus sonhos
She says it's lack of sex that's bringing me down
Ela diz que é a falta de sexo que me deixa pra baixo
I went to a whore
Eu fui a uma puta
She said my life's a bore
Ela disse que minha vida é um tédio
So quit my whining cause it's bringing her down
Então pare de reclamar porque estou deixando ela pra baixo

Grasping to control
Fugindo do controle
So I better hold on
Então é melhor eu aguentar
I'm just stoned

Dois em Um Parte One

Bem, ontem eu não postei nada aqui. Ao menos achava que tinha postado, mas me enganei profundamente. Segunda grande ferida no meu blog. Mau mau mau. Tssss... Por isso, hoje virei duas vezes aqui para inferni... Quer dizer, entreter vocês com dois textos pessoais (Sim, tudo que foi postado aqui até agora é meu... Só meu! *risada maléfica*) sobre dois assuntos nada a ver um com o outro. Divirtam-se!
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Comentários dos Dias: Isso vai ficar aqui porque aqui é melhor. No outro vou deixar pra um texto pequeno e... Outra coisa que tenho que colocar lá. Bem, vamos aos fatos. Meu dia ontem e hoje não tiveram grandes revoluções nem nada do tipo. Foram pacatos e humildes, ao seu ponto. Cof Cof Cof Mentira Cof Cof Cof *tosse forçada* Ahn, acompanhei meus amigos Guilherme "Duke" e PH ao Camelão, fizemos uma super-compra e voltamos pra casa do Gui onde jogamos Naruto. Foram batalhas engraçadas, interessantes e instrutivas (Aprendi umas coisas beeeeeeem legais! ^^). Isso basta né? Hoje trabalhei, comprei dois mangás, babei em cima das revistas na banca (Uma quadrinização tipo mangá do Neil Gaiman? Dãããã... QUÊ?!? DEZESSETE E CINQUENTA?!?) e só. Ah sim, e vi minha mô. Isso sempre torna o dia mais iluminado. PS: Adorei o poema mô. =]
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SERENITY - by Joss Whedon
Conhecem o Joss? Não? Deixem-me atiçar sua memória. Lembram de Buffy? Pois é, dedo dele. E do derivado de luxo, Angel? Idem. Ah sim, e aquela série que era massa mas um povo crica que não entende de ficção odiou? É... É dele... E é o material que gerou esse filme aí. Então, quem nunca bateu o olho na série pode ficar boiando legal. Serenity é um filme que eu aguardei... E aguardei... E fiquei sentado esperando. E finalmente chegou!!! ^^ Sabem onde? Não, já que vocês nem tinham ouvido falar do filme né? T_T Bem, ele chegou direto em DVD. E admito, essa é uma das mais bonitas capas de DVD "Exclusivo pra Locação" em que eu já pus as mãos. E foram muitas, sabem? O material bônus chega a humilhar o de um certo DVD Especial do Hellboy... Cenas Excluídas, comentários do Joss, informações sobre Firefly (A tal série fracassada) e Serenity. Muita coisa pra gente pôr os olhos e ficar vidrado. Ainda não vi tudo, mas pretendo ver quando meus amigos, se eles me deixarem mostrá-los, ou ao menos minha namorada (Ann, que me acompanha em tudo) virem o filme comigo. SIM! Porque esse é um filme que aceito ver de novo! Se sair edição especial, quelo pla mim! Eu já gostava do que o Joss fazia, mas agora... Uau! Falando do filme... Serenity é uma mistura de ação, ficção científica e muita pancadaria e tiroteios western-espacial. Para aqueles que ficaram boiando, saibam que Serenity se passa em um futuro semi-apocalíptico, onde existem vários planetas "terrificados", ou seja, transformados para similarem a Terra. Em volta deles existem os satélites, que por sua vez se parecem com Luas, só que possuem atmosfera. Desses satélites surge uma variação de humanos chamados Reavers. Pois é, eles seriam os caras maus. Só que há algo errado aí. Quando a nave Serenity invade um local, a fugitiva River, que foi colocada na nave graças ao médico da dita cuja Serenity, que é seu irmão, acaba passando por situações... Um tanto anormais pra ela. A partir daí a revolução do filme começa. Como já disse, Serenity mistura estilos, assim como sua antecessora televisiva e as outras séries estrelas de Whedon. Em meio a confusão há momentos engraçados (Muito engraçados), dramas, romances e surpresas. É uma obra-prima, na minha pequena opinião, do Joss no cinema. Se ele for fazer filmes de Buffy e Angel assim, eu vou virar fã dele! E olha que eu esperei um bocado por esse aqui hein? Acho que foram dois anos de produção. Bem, valeu a pena esperar.

terça-feira, maio 16, 2006

Dia Sim, Dia Não

Dia sim, dia não, eu procuro pensar em tudo que me cerca e chegar a concluões. Hoje foi o dia do Sim. E não por vontade própria, mas por situações que afetam meu cotidiano. Tenho dito que sou culpado por elas, admito humildemente, ainda assim, esperava que não fosse tão impactante. Os comentários do dia serão curtos: Trabalhei pouco, mas fiz algo de útil. Conversei muito com o Gui hoje e isso é legal. É bom voltar a ter conversas divertidas com meu nii-san, sabe? Meus irmãos mais novos (Jorge, de verdade, e Paulo) têm idéias boas, só que o Gui (Assim como o Digo) são mais crescidos, têm mais experiência assim como eu. Levei broncas, remendas e a trancos e barrancos, cheguei à um ponto diferenciado da minha relação acadêmica. Como antes, admito ter sido erro meu e peço desculpas por isso. Não queria afetar ninguém. Perdão. Só que não adianta ser perdoado, o caminho já está alterado.
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Tortura. O Escuro te consome aos poucos. E não há saída.

Há anos, ele vaga por entre as sombras de um passado distante. O Ódio inicial se tornou Medo após alguns anos. Logo, o Medo foi se tornando Acomodamento. Se acostumou. Não importava mais que não visse a luz. Mas então, algo aconteceu. A luz veio como algo muito ruim. Queimava.

E ele reassumiu o controle. Sentiu a vida por alguns segundos, antes de ser novamente tragado em Trevas. E o Ódio voltou.

Assim era há décadas. Parcos momentos de controle, que faziam não mais do que trazer esperanças. Ele era e não era ele mesmo em raros instantes.

Um dia, pensa, fora Tom Servoleo Riddle, filho de uma bruxa com um rico trouxa. Ele odiava esse fato. Não que realmente tivesse motivos para amar ou odiar o pai, afinal não o conhecera. Mas sua atitude e a discriminação dos trouxas trouxerem esses sentimentos ao pobre jovem órfão. E o Ódio nasceu.

Se sentia rejeitado por uma sociedade que o tratava como inferior, e isso o fez mudar. A mudança foi sutil ao mundo em geral, não aos sábios. Alguns tentaram impedi-lo. Um único, o impulsionou a continuar. Esse nobre bruxo das Trevas foi sua porta para o mal. E também seu cárcere. Uma vez iniciado nas artes malignas, sempre traria esse estigma.

O entusiasmo nasceu. Finalmente conhecia algo em que era bom. Fora criado para isso. Nada mais. Teria poder. Almejava poder.

...

Dor. O Escuro te penetra com força. Te torna fraco.

Um dia almejava o poder. Mas o poder também almejava um receptáculo que possibilitasse sua diversão.

Sabendo de sua descendência, fizera um pacto com a cobra. E a cobra e ele se tornaram uno.

Quando mais Voldemort crescia, mas Tom se aprofundava no Vazio. Um dia, deixaria de existir. E então o Mal seria absoluto.

E então a Luz realmente surgiu.

Como um garoto, apenas um bebê, ele seria a chave para banir Voldemort da existência. E Tom poderia descansar.

A mente temia, mas Tom se exaltava. Havia uma chance de que o sofrimento acabasse. Se sacrificaria por alguma chance. E ela aparecera.

A influência sobre o outro lado começou lenta. Aos poucos, se tornava mais forte. Até que plantou a vontade. Voldemort precisaria acabar com o garoto Potter.

...

Calma. O aprisionamento terminara. Mas ainda vivia.

Que havia de errado? Não fora suficiente a magia que recebera? O impacto o fizera jurar que estaria tudo acabado. Estava morto.

Sibilava em seu trono, observando. Suas peças colocadas, brincou de guerra. E um dia, sentindo-se ameaçado perdera. Seu corpo fora destruído. Seu lado negro simplesmente lutou pra sobreviver como uma energia. Mas ele desistira. Pra que viver se não poderia aproveitar?

Era para não conseguir ao menos se mexer. Não. Ele se mexia. E mais! Ele poderia se tornar pior do que já era.

Esforço jogado fora. Tudo em vão. A dor voltaria, a solidão também.

Como desejava nunca ter ouvido as palavras do velho bruxo! Como ansiava por voltar atrás e ouvir o que Alvo tinha a dizer. Via agora que fora fraco. Mais do que acusava serem todos os outros.

Fraco, por não saber distinguir o que os sonhos de malefícios lhe trariam e o que ficaria na vontade. Sabia agora porque Slytherin falhara. Gryffindor, Ravenclaw e Hufflepuff possuíam um poder maior.

Estaria disposto a mudar tudo, se tornar o exemplo de todos os que como ele não tinham família. Mas Riddle nunca voltaria ao controle do corpo em que crescera. Um dia, fizera o pacto, agora, pagaria pelo que desejara.

Em seu âmbito escuro, Riddle procurava por solução. Lamentava aos berros, mas no fundo de Voldemort ninguém o ouviria. Pelo menos assim achava.

...

Sentia-se pesado. Havia algo de diferente ali. Sempre que era transportado para algum lugar, era para a sala onde o destino de Sirius fora traçado. E agora, aquela escuridão. Algo realmente estava errado.

A princípio, considerou que estivesse para acordar. Vagou, buscando uma saída, uma indicação de onde estava ou ao menos alguém para lhe dizer que diabos acontecia. Parou ao avistar uma porta com um símbolo talhado. Conhecia bem aquele símbolo. Era a cobra de Slytherin.

Respirou profundamente. Se já estava errado estar no escuro, estar no escuro com uma porta que tinha o símbolo da casa rival, era realmente estúpido! Então, a idéia veio. Sabia onde estava. E não gostou. Estava novamente na mente de Voldemort.

Gritou, indignado, inúmeras ofensas. Não bastava ser torturado toda noite com lembranças do que ocorrera no Departamento? Agora aquele monstro também tinha de voltar a aparecer nos seus sonhos?

Calou-se. Ouvira um gemido. Não, mais que isso. Eram murmúrios. Havia mais alguém ali. Virou-se, com calma, pronto para combater quem fosse.

E viu. Mas não acreditou. Preso por grotescas correntes em formato de serpentes, estava Tom Riddle. O alter-ego de Voldemort permanecia aprisionado em sua mente.

Aproximou-se e o prisioneiro notou. Os dois se encaravam, incrédulos e ninguém ousou dizer nada. Não até que tudo fosse absorvido.

Precisariam, no máximo, de olhares para aquela conversa. Entendiam, um ao outro, como iguais. Verdadeiramente, o eram. No dia em que haviam se ligado pela primeira vez, trocaram também de energias.

Tom foi o primeiro a negar. Não era igual à Harry. Era muito inferior. Harry argumentou, comentando que lamentava, mas não era tão nobre quanto pensavam. A conversa cessou.

O mútuo entendimento fez com que Harry pensasse que poderia libertar Tom. Mas não podia. Inúmeros golpes, feitiços, truques foram utilizados. Mas Tom continuava preso.

Com uma tristeza desconhecida, somada à pena e um sentimento de incapacidade, Harry desistiu. Caindo no chão, passou a chorar. Chorar por alguém que devia odiar.

Afinal, Tom ainda era Voldemort, por mais que tivesse se tornado a parte boa do monstro. Harry ainda assim sabia. Não existe bem sem mal e vice-versa. Ele mesmo tinha todos os defeitos que poderiam confirmar isso. Ele também poderia ser mal. Muito mal.

Veio então a idéia. Como uma das luzes que Tom avistara em seu longo aprisionamento. Ainda havia esperança. O esforço seria imenso, mas bastaria.

E ele o fez. Lançou o feitiço, mais forte que todos os conhecidos por Voldemort. Algo mais antigo que o próprio Lumus. Verdadeira magia, aquela que vem do coração. E Tom sumiu.

...

Harry acordou dois dias após, somente. Suado, tremendo. Sentiu algo de novo em si. Era algo diferente, muito diferente. Olhou-se no espelho ao lado do armário. Estava idêntico ao que era antes. Mudara, só não sabia aonde. Ainda não.

Com o tempo, notaria como melhorara. Descobriria o motivo algum dia com o auxílio de Hermione, talvez.

...

Tom havia escapado. E Voldemort sabia disso. Aonde fora, desconhecia. Escapara, por entre seus finos dedos. Praguejou.