segunda-feira, maio 29, 2006

Esforço

Sentei diante do PC hoje e tomei a decisão de que teria que escrever uma boa história pra publicar aqui. Se tá boa não sei, mas a história eu escrevi. E com muito esforço. Espero que gostem...
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Comentários do Dia: Até que foi produtivo. A aula de Psicologia foi muito legal. Apesar de uns contras, eu me diverti pra caramba. Pena quem perdeu. =/ Comprei Pesadelo Supremo, uma nova mini-série da Marvel Millenium que me chamou atenção e voltei a me inteirar nesse universo. Ou quase. Estou meio perdido nas reviravoltas, porém, notei ainda os pontos que me trouxeram à ele presentes nas duas edições que comprei. Faltam seis. Acho que Galactus vem aí. Xiiii... E finalmente, escrevi essa história. Que ocupou 4 páginas do Word. Tá pequetita. Rsrsrs Aproveitem!
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Hector

Deu um gole na bebida à sua frente e encarou os papéis. Um contrato quase vitalício. Quase, enquanto durasse a carreira dele e ele não se aposentasse. Como se fossem deixar ele se aposentar. O empresário disse que era uma boa pra carreira dele ser contratado por uma empresa daquelas. Pura lorota. Ele só havia recebido algum gordo cheque pra dizer isso. Emborcou o copo e esfregou os olhos, deitando a cabeça no encosto da cadeira. Havia entrado naquele ramo há apenas um mês e meio e já recebia esse tipo de proposta. Aí tinha. E tinha muita coisa. Ele não estava na melhor fase para pensar.

Em primeiro lugar, seu relacionamento naufragou mais rápido do que o Titanic. Chegara perto de ficar noivo, não fosse a vaca ter desistido pra procurar o amigo dele. Não que o amigo pedisse, mas ela o achava “mais bonito, gostoso e inteligente”. E rico claro, nada demais. Pra azar dela e pra alegria dele, pelo menos pra rir um pouco, o tal amigo era bem gay. Na realidade, gay em partes, porque já tivera algumas muitas mulheres na cama. Porém, já afirmara que preferia homens e tinha um caso de alguns meses com um modelo. Sim, era ótimo pra rir.

Em segundo lugar tinha a família. Seu pai andava nas piores, lá no emprego dele. Sua mãe não tava muito bem de saúde. E seus irmãos, os quatro, passavam por situações que incomodavam mais ainda os pais. Precisava ajuda-los. Era o dever com a família para que fosse educado. Mas nem pra isso ele prestava. Que miséria.

Em terceiro e último lugar tinha a substituta à namorada. Não que já tivesse outra. Só que uma amiga voltara à cidade há algumas semanas e já estava chamando sua atenção. No entanto, ela era meio problemática e parecia trata-lo como irmão.

Tudo isso quase o impelia a aceitar a droga do contrato. No fundo, ele sabia que ia virar um ciborgue nas mãos dos poderosos. E a idéia não era tão desagradável olhando pelo ângulo dos ganhos.

“Deus, se você ta aí, me dá uma luz, caramba!” Pediu de olhos fechados, ainda recostado.

Sabe qual a ironia? Deus atende quando se pede com jeitinho. Nesse mesmo momento alguém bateu na porta.

Levantou-se com sofreguidão e dirigiu-se a dita cuja, com calma e sonolência. Encostou-se na porta e perguntou quem batia.

“É o assistente do seu empresário, ‘seu’ Pedro”.

Assistente? Agora o babaca andava com esse porte? Desistiu de pensar e abriu o trinco. Do lado de fora um guri bem arrumado, mas meio estranho, o encarava com olhos bem arregalados. Olhos meio familiares, na verdade.

“Vamos, Sr. Ferreira?” Perguntou ele, sorrindo de uma maneira engraçada.

“Vamos...? Aonde?” Respondeu Pedro, meio assustado com o rapaz.

“Ao passeio que vai estabelecer sua vida...”.

...

Dez minutos depois, eles andavam pela rua geral, a passos curtos e sem vida. Pedro se sentiu meio perdido ali, andando ao lado daquele garoto que nem conhecia.

“Escuta, que história é essa de passeio que vai estabelecer minha vida?” Perguntou olhando pro chão, contado os passos e fazendo problemas matemáticos ilógicos de cabeça.

“Você não acreditaria se eu chegasse e dissesse, então é melhor eu nem tentar. Saiba apenas que não, não sou assistente do seu empresário e nem aceitaria ser. Eu sou um amigo, considere assim”.Respondeu o rapaz também olhando pro chão. Aparentemente ele estava repetindo a mania do “amigo”.

“Escuta, em geral eu conheço meus amigos, e com certeza não conheço você. Além disso, nem sei porque estou andando com você.” Olhou pra frente e pensou bem nisso. Por que estava andando por ali com ele?

“Talvez eu te traga alguma segurança e você saiba que eu falo a verdade. E sinceramente, eu não te lembro nada não?” A esperança surgiu naqueles grandes olhos meio amarelados.

Pedro olhou para o guri vendo se ele já o conhecia. Cabelos castanho-escuros, quase pretos, rosto magrelo, os olhos já falados, a barba mal-feita. Havia sim algo de conhecido nele, só não sabia o quê. O silêncio brotou e o garoto baixou a cabeça, desconsolado.

“Esquece então, só me segue e me ouça. Acredite em mim”.

Andaram mais alguns passos e o rapaz parou para olhar em volta. Viu algo que chamou a sua atenção e começou a caminhar naquela direção. Quando Pedro seguiu-o, viu que se dirigiam ao parque. O que ele queria ver no parque, afinal?

“Ei! Qual sua intenção?” Perguntou, correndo atrás dele.

“Se eu não me engano, você vem aqui ás vezes para relaxar”.Respondeu o garoto de costas pra ele procurando alguma coisa. Sorriu quando achou. “Mais precisamente ali”.

Pedro deixou o queixo cair quando o garoto descreveu com certeza uma mania dele. Aquele parque já propiciara a ele algumas boas crônicas em vários tipos de dia, mesmo os chuvosos. E isso porque, na beira do rio que o cortava, havia uma casinha abandonada que vivia aberta e onde ele podia se sentar, ouvindo alguma música que gostava e apreciando a vista.

“Olha... Se eu te conheço, desculpa por não lembrar”.Sentiu a boca secar. “Mas eu não lembro de ter contado a ninguém sobre esse lugar”.

“Contou para minha mãe”.Deixou escapar o rapaz e olhou meio choroso. “Papo pra outra hora, agora, senta aí que temos algo pra discutir”.

Pedro aceitou a idéia não porque se sentiu bem com ela, e sim porque quase caiu com a resposta dele.

“Eu sei a barra que você está passando e vim conversar contigo pra ver se te ajudo. Não vou dizer o que você deve fazer, vou apenas sugerir opções. Quanto a sua família, tenha cuidado com o que você decidir. Sério...” Duas ou três lágrimas rolaram dos olhos dele nessa hora e Pedro sem saber porque se sentiu meio triste também. “Cuide da sua mãe, não precisa ser só com dinheiro, dê um pouco de atenção a ela”.

“Como você...” Pedro gaguejou.

“Eu só sei, ta bem? Melhor não comentarmos isso”.Respondeu ele e mordeu o lábio inferior. Pedro sentiu que já vira alguém fazer isso, só não sabia quem.

“Certo...”.

“Sua mãe não vai ficar melhor se você apenas encher ela de remédios e começar a dar luxo. O dinheiro que você pode ganhar vai dar isso, e apenas isso. É necessário algo mais. Eu optaria em dar uns toques pro resto da família. Seus irmãos são meio egoístas sabe? E você também. Estejam mais com ela. Acho que é um remédio melhor. Teria ajudado a minha avó...” Ele fechou os olhos e soltou um riso meio sarcástico “Pena que ninguém pensou nisso naquela época”.

“Sei... Compreendo... Mas o meu pai...” começou Pedro e calou-se diante do olhar do garoto.

“Seu pai tem os problemas que ele criou. Confie em mim, é melhor que ele afunde primeiro e depois seja ajudado a se erguer... Ele vai conseguir". O olhar dele passou de fúria a uma calma mais passiva.

“Compreendo...” Olhou pela janela, visualizando o rio. Conhecia de cor aquela vista.

“Cuide desse lugar. Talvez ele não se transforme no que muitos outros lugares se transformaram”.Comentou o garoto, olhando pela mesma janela.

“Em quê?” Perguntou Pedro curioso.

“Em um cemitério... Dos mais variados tipos”.Respondeu o garoto com certa raiva.

Pedro calou-se e o garoto se levantou. Seguiu ele pra fora do parque e em direção ao norte da cidade. A ala dos vagabundos, como vivia repetindo seu empresário. Aquele imbecil tinha tanta grana que qualquer um que fosse menos que classe média era mendigo. E isso incluía os escritores sem contrato, como ele era há algum tempo.

“Sabe... Você merece algo melhor do que estão te oferecendo”.Soltou o guri de repente.

“Como o quê?” Perguntou Pedro meio que bêbado. À volta da imagem daquele nojento papel fizeram ele ficar meio cambaleante, meio “deprê”.

“Sei lá... Olha... Muitos escritores fizeram sucesso lançando seus trabalhos independentemente, sabe? Talvez se você procurasse alguma editora?” Sugeriu, com um ar misterioso.

“Você conhece alguma?” Perguntou Pedro desconfiado.

“Ah, conheço sim. Essa”.Tirou um cartão do bolso e entregou a ele.

Pedro pegou o cartão e olhou. Não conhecia a tal editora, porém, sentiu que podia confiar. Apesar disso, perguntou com uma coceira atrás da orelha.

“Você não tem nenhum vínculo com essa empresa não é?” Estreitou os olhos de uma maneira que fez o jovem rir.

“Como eu me lembrava... Sempre assim... Não, não. É só um amigo do meu pai. Ele vai te dar uma grande ajuda”.Respondeu, andando mais rápido.

“Sei. E devo anunciar que foi você que me indicou o lugar?”.

“Acho melhor não, ele pode achar estranho”.Respondeu ele com um ar serelepe.

Pedro olhou mais uma vez o cartão e gostou. Sorriu pela primeira vez de verdade nos últimos tempos.

“Você parece ter vindo na hora certa. Está resolvendo todos os meus problemas. Deixe-me adivinhar: Agora você vai me falar de amor”.Provocou, entrando no jogo.

“Certíssimo, capitão!” Provocou de volta o rapaz.

“E o que você me recomenda?” Perguntou Pedro olhando o céu.

“Antes, deixe-me conduzi-lo até ali”.Respondeu o rapaz, indicando uma velha cafeteria.

Ele conhecia bem o local. Era famoso por ser o point daquela ala dos vagamundos. Muitos escritores em crise ou prestes a entrarem em ascensão se encontravam ali. Entraram na cafeteria com certa apreensão. Havia uma mesa vaga no canto direito. Sentaram nela e pediram dois cafés. Pretos, com pouco açúcar. Muita coincidência.

“Então, afinal o que você vai me dizer?”.

“Que pressa hein? Pra quem não acreditava muito em mim antes”.Brincou o rapaz, balançando a colherinha. Tomou um grande gole e posou a xícara, olhando pra ela. “Tipo, essa garota que te abandonou. Você ri dela agora, mas ainda assim, sente falta, não é?”.

Touché! Havia acertado em cheio. Fazia algumas semanas que ele fingia rir da situação. Mas quando sozinho, sentia uma dor estranha. Perdera muita coisa.

“Ainda assim, você tem outra pessoa em mente não é?” Ele colocou mais força nessa pergunta.

Suspirou. Ele estava se tornando certeiro demais. Já estava suspeitando de algo havia alguns minutos, só não estragaria o jogo.

“Sim, eu estou me interessando por outra. Só que nós...” começou e não conseguiu terminar. A voz saiu embargada e ele quase chorou.

“Por incrível que pareça, eu entendo. Mas porquê não?” Insistiu o guri e Pedro não soube responder. Medo, quem sabe? “Você acha que se arrependeria se desse certo?”.

“Nunca! Seria bom demais...” Chorava.

“Então...” O garoto apertou a mão dele e Pedro sentiu que sabia a verdade.

“É, você está certo...” Pedro aceitou o apoio e olhou direto nos olhos dele. Foi à vez do garoto engolir em seco. “Qual seu nome, afinal de contas?” Perguntou com toda a força que a voz lhe permitia.

O garoto sorriu.

“Meu nome é Heitor, muito prazer”.Pedro sorriu também. Por um minuto ficaram sorrindo e então algo chamou a atenção de Heitor. “Acho que é hora de ir, sua companhia chegou”.Levantou-se e se despediu de Pedro que ficou ali sentado surpreso.

Quando haviam entrado, Pedro acabou se sentando de costas para a porta e Heitor de frente. Mas quando Heitor se dirigiu à saída, Pedro pode ver quem entrara. Ali na porta, ELA estava de pé. Seus olhos se encontraram e ela caminhou até ele. Passou por Heitor e nem o notou, mas ele a notou. Ele parou e baixou a cabeça e Pedro soube que ele chorava. Uma última vez Heitor olhou pra trás e sumiu pela porta. ELA chegou até ele e disse as cinco palavras perfeitas.

“Oi. Posso me sentar aqui?”

...

Horas depois eles se dirigiam até o apartamento dela, de braços dados. Pedro se sentiu feliz como havia tempo não se sentia. Olhou para ela e riu. Riu muito, pra falar a verdade. Ela não entendeu, mas riu junto. Conversaram sobre muitas coisas, sobre o futuro deles.

“Ellen, queria saber... Que você acha de ter filhos?”

“Acho uma idéia legal, amor. Mas porque isso agora?” Perguntou ela meio desconcertada.

“Só estava pensando... Que você acha do nome Heitor?”.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Foi longo mas valeu a pena...

^^
Interessante...
Quem era? Fala...
Revele o segredo...


Beijos!!! Te amo!!!

maio 30, 2006 6:04 PM  

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