quarta-feira, junho 28, 2006

Formando Diretrizes

Há praticamente uma semana eu falei que havia retornado de uma crise existencial com o blog e que talvez recuperasse a inspiração. Ela não voltou. Deve ter pedido as contas por carta e eu perdi em algum lugar por aí. O engraçado é que isso me fez voltar ao meu ponto de partida: O Fandom. Isso mesmo, eu inicei a jornada com Harry Potter e agora, quando nenhum outro texto me satisfez, eu voltei ao meu original. Por isso, resolvi chutar tudo e declarar: Por enquanto, vou me prender às Fanfics. Pelo menos assim eu posso voltar a olhar com orgulho pra algum texto meu. Aliás, o que texto que publico a seguir é um dos que mais gostei nos últimos tempos. Não sei o que vocês vão achar, mas acreditem, foi muito legal escrevê-lo. Apesar de que ele começou do nada, sem idéia alguma. As palavras apenas fluíram e em determinado momento eu tive que parar e dizer: Está bem, eu já dei um início bom à ele, agora eu preciso estabelecer qual vai ser meu enredo. E a partir daí o texto fluiu. Espero que gostem...
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Reflexões de Guerra

As lágrimas caíram e secaram no livro aberto sobre a mesa. As mãos tremiam espalmadas na madeira. Os lábios encrespados seguravam o grito afoito por liberdade. O medo já cedia o lugar à dor e desesperança. Não havia mais o que fazer por aquela mãe desolada. Haviam se passado alguns meses desde o começo do conflito e muitas batalhas resultaram em baixas que, até então, não continham o sobrenome Weasley. Molly, sempre a matriarca preocupada, suspirara várias vezes de alívio sempre que essas notícias chegavam. Arthur, o patriarca ocupado, vinha todos os dias com o semblante triste lhe contar sobre algum companheiro ferido ou morto e ela sempre esperava pelo pior. Dessa vez não foi Arthur quem veio e Molly temeu pela vida do marido.

Felizmente, o papai Weasley não estava em perigo, mas precisara ficar no local do crime porque um de seus filhos era a vítima. O fantasma de seus irmãos assolou a visão da Sra. Weasley assim que Remo atravessou a lareira. Postados diante dela, ao lado do amigo, eles também transmitiram a notícia. Percival Weasley caiu em campo. E por alguém da Ordem, soube Molly. Por um momento ela ignorara isso, mas algo na expressão de Remo a fez querer saber quem. Ele tentou contornar a situação, porém, estar de frente para aquela mulher naquele momento intimidaria até mesmo o Lorde das Trevas. A notícia foi bombástica. Ronald, o filho mais novo deles, fora quem atirou o feitiço que colocou Percy em estado grave. Molly não agüentou. Caiu de joelhos e o gritou se soltou, livre para percorrer a casa toda. Em instantes Gina e a nora Hermione estavam na cozinha para acudir a pobre mulher.

As lágrimas não cessaram tão cedo. Foram preciso duas poções calmantes diferentes para que Molly deixasse que Remo continuasse contando. De acordo com o que ele trazia de importante, Percy havia se tornado um espião dentro do Ministério da Magia há pelo menos um ano e, desde então, planejava ascender dentro do próprio para dominar o governo bruxo inglês. No entanto, naquela noite em que houve um ataque ao prédio, ele tivera de tomar um partido e, na frente de seus quatro irmãos, Rony, Fred, Jorge e Carlinhos, e de seu pai, ele atirou pelas costas em Quim Shacklebolt. O auror estava no St. Mungus em estado grave assim como ele. Tomado pela ira, Rony decidiu dar um basta naquilo e partiu para um duelo ferrenho com o irmão mais velho. Não só subjugou Percy como também o fez pagar por todas as injustiças cometidas à família. Percy, então, foi capturado e enviado ao St. Mungus para ser tratado, enquanto Rony se entregou aos aurores para receber uma repreensão. Aquilo foi o bastante para a Sra. Weasley que desmaiou em seguida.

Remo pediu desculpas e saiu, pois precisava reportar também a Harry e Severo, que neste momento treinavam. Hermione ajudou Gina a levar Molly para a cama e se postaram lado a lado observando a bondosa mãe dormir. Decidiram que era melhor que ela tivesse um sono pesado e tenebroso do que tentar faze-la acordar e dormir em paz. Nunca se sabe como alguém pode acordar depois de tão terríveis notícias.

Gina olhou para o lado e notou que a cunhada chorava em silêncio. Sabia que a notícia a afetara quase tanto quanto a Molly, só que até o momento não havia percebido o seu sofrimento. Rony era seu esposo há apenas um mês e talvez fosse retido agora pelo quase assassinato do irmão. Torceu os mãos quase chorando também. Descobrira nos últimos meses os nervos de aço que tinha. Quando a guerra começou, havia tentado fazer o papel de boa companheira e ficou em casa esperando por notícias de Harry. Quando ele resolveu sumir por dois meses inteiros, decidiu que não era bem essa sua idéia e partiu atrás dele. O encontrou a cata de Severo em Godric´s Hollow. Juntos descobriram e destruíram outro Horcrux, a taça de Hufflepuff. Faltavam poucos naquele momento. Infelizmente, a jogada alertou tanto o Ministério quanto o próprio Lorde das empreitadas de Harry e a caçada ficou mais difícil. Por fim, quando encontraram Snape escondido com Draco nos terrenos da sua antiga escola, e descobriram toda a verdade por trás dos planos de Alvo, deixou que Harry ficasse ao lado dos dois para treinar. O vira casualmente desde então. Por outro lado, sabia que ele estava seguro. Hermione não. Ela via o marido todos os dias e todos os dias sofria ao vê-lo partir, sem saber se ele voltaria para casa como um encarnado ou como um fantasma. Pensou nisso por uns instantes resolveu abraçar Hermione, o que acabou assustando a garota.

Hermione quase deu um pulo com a atitude da amiga e só compreendeu quando encontrou seus olhos e viu neles o mesmo que devia haver nos seus. Pena. Porque ela sentia pena da Sra. Weasley, que poderia perder dois filhos, assim como Gina sentia pena dela por ter seu esposo metido em mais uma confusão. Rony sempre fazia isso, desde o princípio. Era o garoto-problema, mais do que o Harry. Queimara-se com Norberto e sucumbira no xadrez bruxo no primeiro ano, passou por poucas e boas com a varinha quebrada no segundo, quase morreu caçando Perebas, na verdade Pedro, no terceiro e assim seguindo. O que a deixava preocupada era que a tendência dele em se meter nessas confusões só aumentou quando se tornou um peão importante da Ordem. Ele estava em campo praticamente o tempo todo e a qualquer momento poderia perecer em campo. Ela chorava todas as noites em silêncio da mesma forma como chorava agora e sabia bem disso. Não havia o que fazer. Era a guerra e todos deveriam fazer algo se esperassem por um novo amanhã.

Respondeu ao abraço e se soltou, caminhando para a janela que mostrava a paisagem noturna daquele ponto perdido da Inglaterra. Esperava ver a qualquer momento o marido ou algum amigo chegando por vassouras, seu método mais pitoresco de voltar de uma batalha, trazendo as boas novas do fim de tudo. Infelizmente, faltava muito ainda para isso. Harry não estava pronto e dois Horcrux estavam escondidos. Muitos comensais estavam soltos e o Lorde parecia produzir muitos mais por semana. A guerra só aumentava e mais baixas aconteceriam ao longo do percurso. Por enquanto só poderia ficar ali, pesquisando e ampliando sua pesquisa além de, em segredo, gestar a vida da criança que a mantinha fora de duelos por aquele tempo. Mas, a resposta já estava dada. Se a guerra durasse mais dez meses, Hermione voltaria à ativa, mais forte e mais vingativa do que antes. A promessa foi feita diante do altar onde se casara e a manteria. Custe o que custasse.

Molly acordou um pouco mais tarde e as duas já estavam tomando um café. Por instantes, refletiu em tudo que acontecera. A dor continuava, só o desespero havia passado. Tudo acabaria bem. Tinha de acreditar nisso. Era sua última esperança. Se algum deles morresse, Molly seria a próxima baixa. Observou o teto e passou a pensar. Na cozinha, as duas amigas bebiam sem ânimo, também no mesmo estado. Três fortes mulheres, tão afetadas pelas más notícias, tão próximas de cair. No instante, porém, que alguma boa leva surgisse, se ergueriam e voltariam a sorrir, com os olhos em chamas. Era só esperar, sabiam disso. Sob o céu estrelado de um outono turbulento elas esperavam por alguma boa nova.

A imagem postada não me pertence, muito menos é de alguém que eu realmente conheça. Se a pessoa que a fez quiser, eu a retiro. Se não, agradeço muito o empréstimo pois achei demais. ;)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Lindo texto... Adoro seu jeito de escrever. Tudo bem que sou suspeita de falar isso, mas... Gosto mesmo assim! ^^

Sabe, essa realidade alternativa é bem provavel que aconteça mesmo durante a guerra, só não sei se a Rowling seria capaz de escrever isso... Mas sei lá, só podemos esperar pelo próximo livro da série... O último... =S

Beijos!!!! Te amo!!!!
E já tô morrendo de saudades...
(meu mô tá em São Paulo...)

julho 03, 2006 12:02 PM  

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