A Torre
Dumb is Dead
Por Antônio P. A. Black
Dumbledore está morto. Mestre Yoda e Obi-Wan Kenobi também. A comparação, por mais satírica que seja, tem um quê de engenhosa. Os três personagens citados são líderes em seus meios e mentores dos protagonistas das obras de Rowling e George Lucas, eternamente comparados por suas semelhanças. Alvo Dumbledore, o maior bruxo vivo, de acordo com a maioria dos personagens de Harry Potter, e o único a quem o Lorde das Trevas temeria, foi quem, ao longo dos seis de sete livros da série, conduziu o menino-bruxo à sua maturidade. Harry sempre o teve para se apoiar e aprender e com isso acabou criando um laço de lealdade tremenda, refletido no último capítulo do sexto livro em que, esquecendo de todas as obrigações e preocupações, buscou parar a fuga do assassino de seu professor. Na análise que farei a seguir, refletiremos sobre a importância de Dumbledore vive e morto.
Ao contrário do que muitos pensam, Alvo era, com certeza, o personagem mais próximo de um vilão, até mesmo mais do que Snape, que será agora o considerado malvadão da história por seu último ato. O poder mágico de Dumbledore e sua enorme capacidade de persuasão o tornaram um bruxo por demais confiável no lado “bom” da “força”. E essa foi à fraqueza que permitiu que certos eventos ocorressem. Seus seguidores falharam inúmeras vezes por não duvidar das opções que ele escolhia. Se Dumbledore acreditava que alguém era bom, então todos acreditariam. Como Snape. Para Harry não importava se Alvo achava que Severo estava do lado deles ou não. Ele é mau e pronto. E isso tornou Harry forte. Ele podia tomar suas próprias decisões, assim como Dumbledore. Mas o garoto seria questionado se fosse contrário ao mentor e isso atrapalharia seus planos.
Não há dúvidas e tanto o personagem quanto a autora já constataram. Dumbledore erra sim e muito. Só que seus erros não são em pequena escala como os de Neville, Gina ou Luna. São proporcionais à sua influência. Ao seu poder. Se Alvo erra muitos são os afetados. Na conversa que teve com Harry no quinto livro após a incursão ao Departamento de Mistérios, Dumbledore apresentou ao garoto toda a história por trás de suas atitudes naqueles cinco anos, e porque não nos anteriores também, e mostrou-lhe que, por haver se afeiçoado a ele, havia errado em esperar demais. A falha poderia ter causado a morte de muitas pessoas e o sofrimento recente de Harry, que não suportou e atacou o professor. Dumbledore pensou que obviamente merecia e, provavelmente, era uma das repreensões que mais doeria em muito tempo. Claro que, quando ele e Harry se tornam mais próximos no livro seis o bruxo está mais amadurecido para poder retornar a ligação afetuosa entre ele e o aprendiz.
Outro ponto a se levantar é quanto ao maior defeito de Dumbledore, que para muitos seria uma característica se não boa, pelo menos interessante. Ele, assim como alguns outros líderes na batalha entre o bem e o mal ao longo da história, tem por intenção salvar a todos, mesmo aqueles que talvez não merecessem, como Voldemort. Isso se comprova do livro quatro ao seis, nas conversas que tem com Potter, e até mesmo na que tem com o lorde no Ministério, na qual o trata novamente por Tom. Essa “ousadia” de Dumbledore em sempre o chamá-lo assim vem a se entender que é uma tentativa de resgatar o bruxo que tinha potencial na juventude e que foi pervertido pelas trevas. Talvez tenha sido após essa conversa que ele tenha percebido enfim que não haveria outra alternativa senão treinar Harry para mata-lo ou morrer, já que no penúltimo livro da série ele passa a procurar os chamados Horcruxes. Isto é apenas uma teoria, levando em consideração que somente recentemente ele tomou conhecimento do artifício que Riddle usou para permanecer vivo em qualquer circunstância. Notem que não considero que ele driblou a morte, mas sim que permaneceu vivo, já que aquela sua forma que apareceu no primeiro e no quarto livros não pode ser chamada de vida propriamente dita.
Enfim, vou examinar a importância de Dumbledore em partes: Para o Mundo Bruxo, para a Ordem, para algumas pessoas e para Harry.
Fato: Dumbledore derrotou Grindewald, o bruxo que outrora fora o “Vilão do Século”. Em uma teoria que elaborei em outro momento, me permiti extrapolar um pouco e considerar que Rowling poderia ter pensado em Tao, o equilíbrio. A cada tempo haverá dois grandes bruxos a se enfrentarem, em lados opostos, o considerado Bem e Mal, e somente o vencedor poderá passar seus ensinamentos adiante. Ou seja, Dumbledore, por ter vencido Grindewald, teria a permissão de ensinar o próximo “lutador do bem” a derrotar o do mal, no caso Harry e Voldemort. Para o mundo bruxo Dumbledore é um exemplo por sua sabedoria e destreza, e é levado em consideração na maior parte dos casos em que necessitam de uma indicação.
Isto se nota na Ordem, que existiria para qualquer grande “Mestre dos Magos” do momento. Alvo é esse mestre da vez, e os seus seguidores o servem leal e cegamente. Poucos na Ordem são capazes de dizer que realmente pensam no que ele fala. Os outros apenas ouvem e obedecem. É mais interessante crer que a Ordem é importante para Dumbledore, e não exatamente o contrário. Ele realmente se importa com os membros, porém, deve acreditar que qualquer um poderia agir daquela forma, se não houvessem empecilhos. Ele confia neles e vice-versa. E eles vêem o potencial deles e vice-versa. Mas ele pensa. Eles não.
Alguns poucos personagens tem uma ligação como a de Harry com Dumbledore. Podemos citar nos dedos, possivelmente. Minerva, Severo, Hagrid, Arthur e Molly são alguns exemplos. No passado, Alvo foi aquele que lecionou Transfiguração, matéria de McGonnagall atualmente. Provavelmente foi ele quem a indicou para o cargo. Afinal, então, qual é a relevância desses fatos? É preciso lembrar que, apesar de permanecer nas sombras, Minerva sempre esteve nos momentos mais importantes da história senão envolvida diretamente, ao menos indiretamente. No dia em que Harry foi deixado com os Dursley, no dia em que Dumbledore acuou Crouch Jr., e por aí vai. E, aliás, ela é a coordenadora da casa de Harry e vice-diretora. Não é à toa que ela é tão referencial. Se não fosse por viver à sombra do bruxo e por ser tão conservadora, como o próprio Dumbledore diria, Minerva poderia ser um dos personagens mais influentes, assim como o já muito citado Alvo. É nisso que se tem de pensar. Agora que Dumbledore se foi, McGonnagall assumirá a cadeira de diretora de Hogwarts, se esta retornar, claro. Pode-se esperar algo aí.
Snape é um caso indiscutível. Ele era fiel a Dumbledore? Sim! Por que ele matou? Não se sabe. Ele teria seguido uma ordem do bruxo? Possivelmente. Então, afinal, por que ele é um potencial vilão? Por ser fraco no quesito de objetivos. Por mais que seja um dos personagens mais bem construídos da história, Severo Snape é fraco em sua vontade. É um grande legilimente, um grande enfeitiçador, um mestre em poções e muitas outras coisas. No entanto é também ambicioso e mesquinho. E isso é sua falha. Se apresentada uma solução para resolver seus problemas ele seria suscetível a pender para o mal novamente. E onde entra Dumbledore nessa história? Snape uma vez perdeu o rumo e se entregou de tal forma ao lado de Voldemort que se arrependeu. E em Dumbledore ele encontrou uma maneira de escapar. A oferta que o bruxo lhe fez foi muito melhor do que qualquer outro teria feito, incluindo o seu milorde. Snape se tornou dependente de Dumbledore então, até o sexto livro, no qual ele o matou. Agora, fugitivo, ele tem uma dívida a pagar. E se seguir como eu gostaria, ele vai faze-lo dando forças ao garoto-que-sobreviveu-mais-de-uma-vez e se sacrificar, querendo ou não. Resta torcer.
Hagrid é um caso de devoção única. O meio-gigante deve tudo que tem ao finado bruxo e mesmo agora poderá agir por ele. Possui em suas mãos habilidades únicas graças ao sangue mestiço que corre em suas veias. Quando for necessário, ele fará favores a Dumbledore e pode ser a última ponte entre o Harry de agora e o que derrotará Lorde Voldemort.
O casal Weasley é prezado por Dumbledore desde muito antes do primeiro livro. E talvez seja uma das únicas famílias em que ele confia plenamente. É crível até que ele veja em seus filhos, talvez até em Percy, guerreiros fortes para lutar ao seu lado. Os Weasley seguiriam Dumbledore aonde fosse, desde que com isso garantissem que as suas sete “crianças” permaneçam seguras. Com a morte de Alvo pode se esperar algum efeito deles.
Finalmente abordarei o crucial do meu pensamento até aqui: Alvo Dumbledore e Harry Potter. Como já dito anteriormente os dois criaram uma relação mais do que de professor e aluno, algo afetivo quase como avô e neto. Dumbledore confia e gosta de Harry e vice-versa. Tentam cuidar um do outro. Enquanto vivo, Alvo seria o exemplo que Potter seguiria, aquele que ensinaria algumas das coisas mais importantes e o livro com mais conteúdo sobre o passado do garoto. Morto, assim como Yoda e Obi-Wan, ele será apenas um conselheiro. Isto se acordar. Dumbledore deu a Harry armas que, acredito, ninguém mais poderia fornecer: Conhecimento, Fé e Confiança. Dizem que agora que ele está morto será Harry quem comandará a Ordem. É possível. Talvez até seja isto mesmo que Dumbledore gostaria que ocorresse um dia, mas não é só isso. A morte de Dumbledore é importante por ser o fator que desencadeará a transformação de Harry Potter, o garoto-que-sobreviveu, em Harry Potter, o homem-que-derrotou-Voldemort.
Quem quiser discutir o assunto, por favor, me procure. Estou disponível no msn: tonblack-kun@hotmail.com e no gmail: tonhiquekun@gmail.com. Até breve!
1 Comments:
Ai, ai... Como será que vai ser o próximo livro, hein?
Beijos...
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