quarta-feira, novembro 01, 2006

In Veritas

O post de hoje veio graças ao pedido de um amigão, que vez por outra comenta aqui no meu quase-morto blog, que também em ocasiões raras ressuscita. É um texto argumentativo sobre o personagem favorito de muita gente da obra de J. K. Rowling: Severus P. Snape... Aqueles que AINDA não leram o sexto livro (E se são fãs, deviam criar vergonha na cara...) devem passar longe deste artigo, pois eu escracho em spoilers. Desde já avisados, bom proveito.

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A Lealdade de Severo Snape

Por Antônio P. A. Black

Possivelmente eu nem precisaria estar aqui divagando sobre este personagem, dada a quantidade excessiva de textos sobre ele nos últimos meses, desde o lançamento do sexto livro. No entanto, algo em algumas críticas me deixaram com a pulga atrás da orelha e resolvi dar o meu depoimento. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que encaro Severo Snape, o Príncipe Mestiço como ele mesmo se proclama, culpado de quase todas as acusações. E a pergunta que pretendo responder é: A quem ele é leal?

Ao procurar por artigos sobre o seboso encontrei no site Hogsmeade (www.hogsmeade.com.br) “Os Mistérios de Snape”, série em quatro partes escrita por alguém chamado Lord Severo que traz argumentos muito interessantes. E outros que acho muito ruim. O principal, que também irei sustentar aqui, mas com as minhas idéias, é o de que Snape só é leal a ele mesmo.

Não é absurdo e muito menos incoerente. Desde o princípio da septologia o personagem teve sua lealdade discutida, graças a eventos que soltos só confundem o leitor, mas se unidos em uma trama maior pode-se chegar a algum lugar, por mais estranho que seja. Leve em consideração a maneira como o ex-professor de Poções e, recentemente, de DCAT age com os colegas em Hogwarts e com os companheiros comensais. A primeira questão é sobre o motivo da confiança de Dumbledore em Snape e vice-versa.

Para os defensores do ambíguo personagem a cena final do diretor só revela o que já estaria preparado desde o início do livro: Snape estaria se preparando para matar o seu mentor a pedido deste e salvar Draco Malfoy. As falhas são muitas, já levantadas pelo autor citado anteriormente e por tantos outros na rede. Mesmo os fãs de Severo Snape conseguem ver que a vida de Malfoy não é mais importante que a de Alvo Dumbledore. Isto vendo pelos olhos de um estrategista, que é para o que estamos sendo condicionados ao longo dos últimos três livros, ver como alguém que entende de lutas e dos sacrifícios a se fazer. No entanto, talvez, para Dumbledore a sua vida, e ele a valorizava, podem ter certeza, estivesse perdendo a valia agora que a guerra explodiria. Sua presença se tornaria menos significante, então, por que não salvar um aluno? Apenas suposições, já que seus pensamentos continuarão ocultos até o ano que vem. Agora, vamos aos fatos. Dumbledore confiava sua vida a Snape, isto é claro, mas não quer dizer que ele teria dado ao ex-aluno o direito de tira-la. A decisão veio apenas de Snape, sendo que ele considerou o mais proveitoso. Não que isso tirasse sua lealdade. Pelo contrário, possivelmente a reforçaria, sendo que sua atitude poderia ser aprovada até mesmo pelo falecido diretor. Severo pensou ser muito melhor matar Dumbledore ali do que o deixar sob os cuidados de outro, garantir a vida de Draco e dele, e talvez dar a Voldemort o gostinho que ele queria, antes que alguém acabasse com o lorde.

Há pessoas na internet argumentando que Snape planejaria se livrar de Dumbledore, Potter e Voldemort de uma tacada só. Eu, com o poder constituído a mim neste texto, sentencio este argumento à fogueira. Relendo o Enigma do Príncipe, para que pudesse expor minha opinião com clareza, e relembrando das outras obras refiz minha imagem de Severo. Ele não era ambicioso como Rabicho. O personagem queria tudo a que tinha direito, sempre foi esta a sua vontade. Ele era e ainda é um gênio como bruxo que, ao contrário de Tom Riddle ou Alvo Dumbledore ou até mesmo Lílian Evans, não viu na fama e glória o seu caminho. Não, ele sempre foi recluso. Vejam que em Hogwarts ele não almejava nada mais que o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas, o qual pensava merecer por suas habilidades. Poderia ele muito bem desejar a cadeira de Vice-Diretor ou qualquer outra posição de poder. Essa vontade de se posicionar esteve presente nos seus anos como Comensal, sendo que perseguia os ideais de Lorde Voldemort. Enquanto Lúcio Malfoy, Belatriz Lestrange, Bartô Crouch Jr. buscaram o poder do “milorde” Snape assumia o papel de espião, provavelmente para ser o mais fiel dos seguidores.

Que atire a primeira pedra quem nunca errou. Snape poderia saber o que fazia ao entregar os pais de Harry? Sim, com certeza haviam chances. Ele não é bobo, desde cedo já treinava Legilimencia. Então o que diabos moveria esse homem por esta empreitada? Como afirmei no começo do texto ele é leal a si mesmo, ao que acredita ser correto. Quando em o Enigma ele se irrita com Harry poder chamá-lo de covarde ele prova esta minha colocação. Ele nunca foi covarde. Quando abandonou o lorde para se unir a Dumbledore ele não era covarde, quando retornou ao lado dos comensais pela Ordem ele também não estava sendo covarde. Muito certo é de que ele seria um dos mais corajosos homens de Dumbledore. Seu defeito é a arrogância, a incapacidade de aceitar que até mesmo aqueles que ele subestima possam mudar essa figura. É isso que ele demonstra diante de Harry. Quando o menino entrou em Hogwarts Snape fez um pré-conceito que até o presente momento não abandonou, acreditando piamente que o garoto não teria muito a oferecer. A tendência é que este pensamento sobre Harry mude no último livro, para que Snape possa auxiliar na investida final contra Voldemort. E é aqui que chegamos aos meus pontos finais.

Conversando algumas vezes com Ludmila Souza, uma grande amiga e companheira de fã-clube, e também fã do bruxo-tema, cheguei a um desejo profundo pelo sacrifício de Severo Snape. Não a sua morte nas mãos de Voldemort ou Harry Potter, mas sim a sua tentativa final de encaixar tudo nos eixos. Para que isso ocorresse, porém, ele teria de mudar seus conceitos e repensar no que é preciso ser feito para o término da guerra. Que isso vai demorar e pode não acontecer eu já sei, mas reservo a idéia como a de um final no mínimo interessante.

Afirmo então que Severo Snape é culpado. Culpado de matar Alvo Dumbledore, culpado de diversas vezes ser injusto com Harry Potter, culpado de discriminar as outras casas de Hogwarts, culpado de agir como bem deseja, culpado de se meter em qualquer enrascada para fazer o que acha correto, culpado por ter seus ideais, independente dos de Dumbledore, Voldemort ou qualquer outro. Severo Snape, que os seus momentos finais sejam benéficos e prazerosos aos leitores.

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Aqueles que tiverem a ousadia e bons argumentos para discordarem de mim, por favor, me contatem. Adoraria discutir pontos de vista e expor algumas idéias que ando tendo.
A propósito, meu email é tonhiquekun@gmail.com. Estejam convidados a me enviarem mensagens.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu acho que se a Rowling for inteligente o Snape vai ser um excelente personagem... Mas infelizmente eu não tenho ela em tão alta conta =/

De qualquer forma, você aborda ele de uma forma bem legal xD espero que ela siga uma linha parecida com a sua =p

novembro 01, 2006 4:23 PM  
Anonymous Anônimo said...

Só pra não dizer que eu não passei por aqui.. ^^

novembro 15, 2006 2:09 PM  

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