sábado, maio 06, 2006

Atrasos e Atrasos... Mas no fundo, uma história...


Hoje, sexta-feira, mesmo que ali diga que já é uma da manhã e seria sábado, eu cheguei à uma conclusão: Minha vida tá pegando uma carona em um trem a jato. Tudo ocorre depressa, muitas coisas ao mesmo tempo. E isso, ao mesmo tempo que empolga, é um saco. É como um fast-food. Você pede um sanduíche com preço de almoço e come algo que tem o tamanho de início de lanche da tarde. Ou seja. Eu participo dos eventos correndo, e não pego nada de nada. Isso incomoda, sabe? Mas não tem como fugir. Acontece. Logo esse trem pára, eu vôo alguns metros e então me levanto e volto a caminhar, no meu passo de sempre.
-----------------------------X-----------------------------
Comentários do Dia: Em primeiro lugar, AINDA não saiu minha nota em Redação. Temos que pegar o Lúcio pelo cangote. Em segundo lugar, conheci o Rô Conceição do Iriê hoje. Comecei a me interessar pelas músicas deles. Em terceiro lugar, e como 3 é meu número favorito, estou evoluindo aqui, mesmo que seja um pouco.
Utilizando um pouco do meu dia, tento explicar que, por causa de confusões, a atualização saiu atrasada. Não que alguém se importasse. Na verdade, pelos comentários, isso aqui é meio que pincelado geralmente. Tudo bem, Roma também não era um Império no quarto dia.
-----------------------------X-----------------------------
Pagodes

Era pagode. Tocava na rádio um pagode, desses bem antigos, época que pagode era bom. Não sou pagodeiro, nunca fui. Dizem que sou clubber, mas não me considero. Não sei o que sou. Mas era pagode que tocava na rádio quando a conheci. Ali no bar, no balcão daquele bar. Nunca entendi porque ela cruzou aquela porta, mas cruzou. Veio em trajes que fariam os homens todos ali a olharem fixamente. Só que ela era esperta, e não queria atenção, então entrou tão discretamente que nem mesmo o barman, tão atento a tudo e todos, a notou. Só se fez presente quando, com sua voz suave, pediu seu Martini com limão. Ela me disse que era seu preferido, esqueci quando foi. Lembro ainda, que sua voz, tão melodiosa quanto a da mulher da canção, destoou naquele ambiente imundo do mundo macho. Foi como uma guitarra distorcida no meio de pandeiros. Deu pra entender o choque que deu em todos não? E era eu ao seu lado, não bem ao lado, já que dois banquinhos nos separavam, mas estávamos perto. A música não importava mais. O espelho atrás das garrafas não importava mais. O que importava era aquele par de coxas, escondida sobre o tecido preto do vestido. Como ninguém notara aquele monumento vivo ali, parado tão próximo de nós? Será que ela estava tão elevada assim? Tão longe? Não sei. O garçom, após os três segundos de espanto retornou a sua rotina. Preparou o martini, e o ofereceu, com um sorriso atípico. Ela bebericou, sorriu, e então tomou um gole, olhou profundamente para o limão no copo e caiu no choro. É, simplesmente rolaram enormes lágrimas de seus belos olhos verdes. Fiquei boquiaberto pensando em que tipo de desgraça teria abalado aquele anjo, tão puramente colocado no mundo grotesco daquele bar. Olhei em volta e aqueles que ainda não haviam voltado-se para suas vidas, acabava de fazê-lo. Mulher que chora é mulher com problemas e problemas eles queriam longe. Bando de porcos sem princípios. E agora? Que dizer? Um "Dia difícil, moça?" escapou dos meus lábios antes que eu me impedisse. Ela devia ter achado que era conversa de bêbado, porque me ignorou. Então, munido de uma coragem, que agradeço â bebida por tê-la, novamente questionei sobre seus problemas, mas dessa vez com um "Desculpe estar me intrometendo, senhorita, mas há algum problema que eu possa auxiliar?". Saiu educado demais, talvez até culto demais pra um cara da minha laia. Que me trucidem os românticos, mas aquela rapariga precisava de um ombro para chorar. E talvez mais alguma coisa. Ela virou-se então, me olhando com os olhos de quem procura ajuda. Me contou sobre sua noite, como fora terrível, como se sentia usada, pelo namorado que terminara com ela em meio a uma festa, somente para ganhar a fama de garanhão entre os amigos. "Ele tava é querendo os peitos daquela vadia loira. Ele nem se importa que são silicone puro" disse por fim, voltando a chorar. Fiquei sem o que dizer, ofereci uma carona pra casa e ela me disse que precisava caminhar, indiquei um bom lugar e ela aceitou, disse para ir até a porta que eu já ia, deixasse que eu pagasse a conta. Aproveitei e peguei a melhor bebida que o velho poderia me fornecer. Bebida sempre ajuda, foi o único conselho que meu velho deu e eu aproveitei. Valeu, pai. Tirei-a dali, sentindo o peso dos olhares de todos aqueles bebuns sobre suas curvas. Por isso, tirei o casaco e ofereci, sendo recebido com um agrado. Andamos muito e ela me contou tudo sobre ela. O efeito do álcool sempre foi rápido e dessa vez então, foi um grande auxílio. Levei-a até um pequeno parque, localizado à beira-mar. Lá só iam os vigias, quando procuravam por moleques que fugiam para namorar. Confortei-a e claro que me aproveitei do momento. O caminho dali para sua casa foi tão rápido e descontrolado, que nem notei. Os cabelos negros dela, compridos, caiam por sobre suas costas e em sua cama senti o quanto de tensão que eu tirava de seus ombros. Digamos que o céu me abriu suas portas aquela noite. Dormi só quando os outros acordavam pra trabalhar. A garrafa de bebida? Não aguentou a primeira leva. Acordei sendo sacudido. Era ela. Havia acordado e percebera o que acontecera. Culpou a bebida e me pediu que saísse. Resignado, pois já esperava essa reação, me vesti e saí. Pedi desculpas por qualquer coisa e ela me agradeceu por tê-la ajudado a passar a noite em paz. Chegou a elogiar minha performance no todo, em todos os momentos, em como fui cavalheiro. Conversa fiada. Abriu a porta e saí. De cabeça baixa andei, nunca prestei atenção à rua. Não mais voltei, não mais a vi. Mas de uma coisa tenho certeza. Tocava uma música de algum lugar quando saí. Era pagode.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi!!!!

Adorei o texto!!! Crônica... Isso é muito legal.

Não sei mais o que escrever... Então fica pro aqui... Tenho o outro texto ali de cima para ler...

Então, beijos...

Ah, não se preocupe que io trem para e vc vai perceber que no fundo vc apreciou a vista.

Beijos... Te amo...
Tua Ann...

maio 07, 2006 8:56 PM  
Anonymous Anônimo said...

oio ton sò pra mostra que eu vi teu saite

maio 14, 2006 3:11 PM  
Anonymous Anônimo said...

oio ton sò pra mostra que eu vi teu saite

maio 14, 2006 3:11 PM  

Postar um comentário

<< Home